Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.
Mais personagens em busca do ator perfeito
O que seria de Clark Gable se Scarlet O'Hara fosse Bette Davis ou Katharine Hepburn?
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
No último domingo (12), perguntei-me como teria sido se Laurence Olivier, e não Marlon Brando, fosse D. Corleone em ”O Poderoso Chefão” (1972). A Paramount queria Olivier; o diretor Francis Ford Coppola, Brando. Mas Brando estava queimado em Hollywood e só ganhou o papel porque se ofereceu para um teste sem compromisso —teste esse que encerrou o assunto. Suponha agora que o segredo estivesse no personagem, não no ator. Alguém duvida de que Olivier seria um Corleone igualmente magnético e, talvez, com melhores bochechas?
E se, em vez de Vivien Leigh, a Scarlet O’Hara de “E o Vento Levou” tivesse sido uma das muitas atrizes que disputaram o papel, como Paulette Goddard, Susan Hayward, Bette Davis, Katharine Hepburn, Tallulah Bankhead? Para mim, Goddard e Hayward, também jovens, bonitas e petulantes, seriam tão marcantes quanto Leigh. Mas é irresistível imaginar Clark Gable vivendo aqueles arranca-rabos com Davis, Hepburn ou Bankhead —quem levaria vantagem com elas?
Eliza Doolittle, a florista de “My Fair Lady”, deveria ter sido Julie Andrews, que a fizera no palco em Londres e Nova York. Mas, ao filmar a peça, a Warner preferiu Audrey Hepburn, mais experiente. Subitamente desempregada, Julie Andrews foi ser “A Noviça Rebelde”. O resto você sabe.
E quando um ator dispensa um papel? Em 1967, George C. Scott recusou ser o policial racista de “No Calor da Noite”. O papel foi para Rod Steiger e lhe rendeu o Oscar. Em 1970, Steiger recusou “Patton”. O papel foi para Scott, que não só também levou o Oscar como passou a ganhar todos os papéis que eram para ser de Steiger.
Falando em Marlon Brando, o diretor Stanley Kramer convidou-o em 1958 para fazer “Acorrentados”, um filme antirracista em que dois presidiários que se odeiam, um branco e um negro, fogem ligados por uma corrente nos pulsos. Brando respondeu: “OK. Quem vai fazer o branco?”.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters