Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro

Grande ano, 1920

Há 100 anos nasciam Elizeth Cardoso, Amália Rodrigues, Peggy Lee e outras vozes fabulosas

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Elizeth Cardoso faria 100 anos amanhã (16). Estão em curso várias homenagens, dignas de uma artista a quem nunca faltou reconhecimento. Ela era a Divina, a Magnífica, a Meiga, a Enluarada. Elizeth viveu sob o peso desses adjetivos, aos quais fazia jus com sua grande classe como cantora e mulher —sem afetação e sem pose, mas também sem se rebaixar de Elizeth. Sabia quem era e o que valia.

Uma de suas poucas iguais no século, só que portuguesa, também estaria chegando aos 100 anos: Amália Rodrigues, no dia 23. O fato de essas cantoras terem construído universos tão distintos e fascinantes na mesma língua é um tributo à riqueza e maleabilidade desta língua. Mas a arte que praticavam parece em extinção —já não se exige “cantar bem”, como elas faziam.

LPs de Elizeth Cardoso, Nora Ney, Peggy Lee e Amália Rodrigues e 78 r.p.m. de Virgínia Lane
LPs de Elizeth Cardoso, Nora Ney, Peggy Lee e Amália Rodrigues e 78 r.p.m. de Virgínia Lane - Heloisa Seixas

A água de 1920 devia conter alguma substância mágica para ter gerado tanta gente boa. Nos EUA nasceram Peggy Lee e Carmen McRae, obrigatórias em qualquer lista das dez maiores cantoras americanas da história. A sensacional pianista e cantora Hazel Scott, destruída pelo macarthismo. A soprano Eileen Farrell, que fez a transição para a música popular e gravou discos excepcionais. Helen O’Connell, crooner da orquestra de Jimmy Dorsey e lançadora de clássicos da 2ª Guerra, como “Amapola” e “The Breeze and I”. E Ella Raines, estrela da Broadway e primeira a cantar “Old Devil Moon”, do musical “Finian’s Rainbow” (1947).

No Brasil, tivemos Bidu Reis, cantora e autora (com Haroldo Barbosa), em 1951, do primeiro sucesso de Nora Ney, “Bar da Noite” (“Garçom, apague esta luz/ Que eu quero ficar sozinha...”). Carmen Costa, lançadora de “Está Chegando a Hora”, digo “Cielito Lindo”. A exuberante Leny Eversong, que precisou estourar nos EUA nos anos 50 para ficar famosa no Brasil. E Virginia Lane, criadora de “Saçaricando” (não, não foi namorada do Getulio).

Grande ano, 1920. É a vez dos berçários de 2020.

Elizeth Cardoso em foto de 1976 - Acervo UH

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