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Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

André do Rap, um caso de sucesso

Libertado pelo STF, ele é um moderno empreendedor brasileiro

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O dinheiro não corrompeu André do Rap, o traficante libertado pelo STF. É um homem rico, mas fiel às origens. As imagens comprovam. Ele não dispensa a bermuda e o chinelo, quando, se quisesse, poderia vestir-se no Huntsman, em Londres, e calçar-se no Testoni, em Bolonha, cujos sapatos provêm dos mais finos jacarés. E a barriga foi adquirida nos balcões do McDonald's, embora, em suas viagens a negócios, ele pudesse jantar no L'Ambroisie, em Paris, ou no De Kas, em Amsterdã.

A obesidade deve ter custado a André um triste bullying em criança por seus coleguinhas de Santos, onde nasceu, ou do Guarujá, onde cresceu. Sem falar em que a panturra dificultava-lhe correr, pular muros ou se jogar no mato, no tempo em que ainda precisava recorrer a esses expedientes para escapar da lei. Hoje, caso seja preso, o que é difícilimo, bastam a André um ofício de seu advogado, uma lei marota e um juiz compreensivo.

André é o CEO da Sintonia do Tomate, uma multinacional que, em parceria com a 'Ndrangheta, sua correspondente na Calábria, abastece o mercado europeu com cocaína comprada diretamente aos melhores fornecedores da Bolívia e do Peru. A comunicação com estes, em portunhol, é tranquila, mas André se vira igualmente bem com seus clientes italianos, sérvios e, agora, asiáticos. O dinheiro é o verdadeiro esperanto.

A base operacional de André é o porto de Santos, onde seus interlocutores são políticos, empresários e administradores —afinal, seu produto exige estocagem especializada e sigilo até embarcar. Isso custa dinheiro, mas o lucro de R$ 800 milhões por ano compensa e ainda lhe permite o conforto de Porsches, lanchas e helicópteros.

André é um moderno empreendedor brasileiro. Neste momento, está incógnito em algum ponto do planeta. Mas não será surpresa se, ao voltar, entrar para a política ou sua folha corrida o credenciar para um ministério.

O traficante André do Rap - Reprodução

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