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Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Do bueiro ao Planalto

Precisamos não de uma, mas de muitas biografias de Bolsonaro

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Leitores opinaram sobre a coluna desta quarta-feira (1°/6), em que propus a urgência de se escrever biografias de Jair Bolsonaro. Para alguns, não se deveria perder esse tempo com ele. Com todo respeito, tal visão é um erro. Ninguém mais que Bolsonaro precisa ser biografado no Brasil. E não uma, mas muitas vezes. Só várias delas nos permitirão entender como foi possível ao réptil expandir-se em segredo e, ao sair do bueiro, chegar ao Planalto.

Calcula-se que, em todas as línguas, Adolf Hitler já tenha tido 10 mil biografias. Todas foram importantes —ajudaram a impedir um novo Hitler. As de Bolsonaro também cumpririam esse papel.

Neste momento, no entanto, há um problema em biografar Bolsonaro. Entre a concepção da ideia, o trabalho de investigação, entrevistas com as fontes, a escrita propriamente dita e sua produção física por uma editora, nenhuma biografia séria levará menos de dois anos para sair. No caso de o biógrafo trabalhar 24 horas por dia, sem perder tempo com comer e dormir, e a editora adotar máxima urgência na composição, revisão de provas, editoração e impressão, isso pode ser reduzido para talvez um ano. É muito tempo, durante o qual Bolsonaro continuará perpetrando monstruosidades. O livro sairá inevitavelmente desatualizado.

Prova disso é o número de vezes em que pensei em escrever uma coluna sobre alguma de suas canalhices naquele dia e tive de abandonar o assunto porque, horas depois, ele cometeu outra. Colegas com quem converso também passam por isso. Bolsonaro é canalha full-time, e somente os jornais online e as redes sociais conseguem acompanhá-lo.

Em outubro, no entanto, esse problema pode ter uma solução. Se o Brasil sobreviver às tentativas de golpe e Bolsonaro for excretado pelas urnas, um ciclo se terá cumprido. E, então, pelos anos a seguir, muitos livros a seu respeito serão possíveis. Só se espera que se passem de 2022 para trás.

Caricatura de Jair Bolsonaro feita por Frank Hoppmann e premiada pela World Press Cartoon (WPC) - Reprodução

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