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Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

A verdade vos libertará

Foi dado o empurrão que faltava para o mito desmoronar

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Até o mundo do crime tem seus códigos de conduta e abomina as práticas consideradas mais desumanas, por assim dizer.

Nos presídios, estupradores e infanticidas, por exemplo, não costumam ser tolerados. Em pequenas quadrilhas de furtos, aos seus integrantes muitas vezes é exigido que não roubem no próprio bairro.

Mesmo para os corruptos, cuja ausência de ética é a essência da prática criminosa, também há ou deveria haver um limite intrínseco que, no contexto da pandemia, seria: “não roubarás o dinheiro da vacina”.

Vir da periferia fez com que eu sempre tivesse muito claro que a corrupção mata e que os constantes desvios de recursos prejudicam sobretudo os mais pobres, que dependem muito mais do Estado para sobreviver.

Contudo, quando nos referimos às milhares de vidas que ainda se perdem todos os dias pela falta de imunização contra o “novo” coronavírus, essa constatação toma outra proporção: tentar lucrar em cima da compra de vacinas é ladroagem deliberadamente assassina, que ultrapassa as práticas previstas no Código Penal pelos artigos 371 (corrupção passiva) e 319 (prevaricação) e pela lei 12.720 (extermínio), crime tão frequente no universo dos milicianos. É a corrupção das corrupções.

A parcela da sociedade que ignorou o histórico de funcionários fantasmas, combustível superfaturado e rachadinhas de Bolsonaro, e o elegeram “contra a corrupção”, vê agora que tudo não passou de uma grande farsa e que a lógica do menos pior já não se sustenta.

O presidente que tanto cita o versículo da Bíblia “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” não consegue mais esconder seu verdadeiro caráter. Há indícios claros de que a quadrilha instalada no Ministério da Saúde tem como uma de suas cabeças o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros. E tem, no mínimo, a anuência do presidente, que foi avisado do esquema e nada fez. Isso se chama prevaricação, crime cuja pena é de três meses a um ano atrás das grades.

Mais de cem pedidos de impeachment, muitos dos quais contam com a minha assinatura, estão parados há meses na mesa do presidente da Câmara dos Deputados. Nesta semana, juntamos todos em um único, assinado por movimentos da sociedade civil de todo o espectro político, mas, infelizmente, são poucos os congressistas que já se manifestaram.

Está na hora de todos os deputados que ainda não se posicionaram terem coragem e se colocarem claramente a favor da saída do presidente. Quem se omitir neste momento será condenado pela história como conivente ou cúmplice. Há posicionamentos que definem o caráter e jamais são esquecidos; esse é um deles.

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