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Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

Sem jogos de soma zero

Só uma manifestação que acolha a todos terá força para pôr fim ao projeto autoritário de Bolsonaro

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O desprezo de Bolsonaro pela vida e pela democracia deveria ser motivo suficiente para a união de todos aqueles que o enxergam como uma ameaça ao nosso país. Essa constatação, esmiuçada tantas vezes em minhas colunas, precisa ser constantemente reafirmada, tanto para parte da direita, que insiste em criar falsos paralelos entre Lula e Bolsonaro, como para parte da esquerda, que vive gastando munição com o alvo errado.

Um exemplo claro, e repulsivo, se deu durante as manifestações pelo impeachment de Jair Bolsonaro do dia 3 de julho, quando filiados do Partido da Causa Operária (PCO) agrediram manifestantes de grupos de esquerda que tentavam impedir a expulsão de membros do PSDB da avenida Paulista. Vimos reações menos violentas, mas igualmente emblemáticas, após Eduardo Leite, governador do RS, se assumir gay.

Diminuindo a grandeza e coragem do seu gesto em um dos países mais violentos do mundo para com a população LGBTQIA+, muitos tentaram deslegitimar seu ato lembrando-o do seu voto em Bolsonaro no segundo turno de 2018.

Não tenho dúvidas de que essa provavelmente foi uma das escolhas com piores consequências que Leite já fez, mas isso não deve ser motivo para apartar uma pessoa que reconheceu o seu erro e se colocou na trincheira da luta para derrubar o presidente. Os inúmeros crimes de Bolsonaro requerem de nós, no mínimo, maior senso de responsabilidade.

A gravidade do momento exige que os setores progressistas aprendam a dialogar com pessoas que pensam diferente, sobretudo com aqueles que votaram 17 em 2018.

Bolsonaro foi eleito com 58 milhões de votos, e me parece absurdo defender que todos os seus eleitores são desumanos, racistas, machistas e homofóbicos. Cabe a nós não só entender quais angústias os levaram a escolher alguém que, apesar de todas essas características, passava a sensação de ouvir as suas necessidades, como acolher esses anseios, sem minimizá-los ou negá-los.

Apesar dos atos isolados de violência, o protesto de 3 de julho teve cenas que me encheram de esperança, como a de dezenas de manifestantes carregando as bandeiras do Brasil que foram distribuídas por membros do Movimento Acredito.

Bolsonaro sequestrou o nosso verde, azul e amarelo, capturou a nossa felicidade e o nosso espírito festivo e roubou o nosso orgulho de ser brasileiro. Recuperar os símbolos que nos unem é não só um imperativo moral como um ato de grande importância estratégica. Afinal de contas, somente uma manifestação que represente, de fato, a todos nós terá força suficiente para pôr um fim ao projeto desumano e autoritário de Bolsonaro.

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