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Longa vida à @estarmorta

'Parece Que Piorou', da quadrinista Bruna Maia, é guia atual da autodestruição

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Enquanto parte da esquerda do país acredita que a bondade e a fofura têm força suficiente para derrotar o mal (aquele do fascismo e do genocídio), eu fico com a impureza da resposta da quadrinista Bruna Maia. É a vida, e não é bonita.

Capa da HQ "Parece Que Piorou" (ed. Quadrinhos na Cia), de Bruna Maia - Divulgação

Seu primeiro livro, o excelente “Parece que Piorou”, tem o título mais atual possível sobre a situação do país, apesar de ter sido escolhido por Bruna muito antes da pandemia. A pré-venda foi animada por muitas lives no Instagram da autora, o @estarmorta, que tem mais de 70 mil seguidores, e agora a obra chega às livrarias.

Se você é neurótico (e eu espero que seja, pois a outra opção seria a psicose) e está minimamente inserido no patético mundo do Instagram e na lama cotidiana de pequenos problemas, não vai conseguir folhear as páginas desse afiadíssimo guia da autodestruição e não achar a autora genial.

Sua personagem é assolada por pensamentos obsessivos, flerta com ansiolíticos e vive o pânico de inúmeros fracassos (lindamente traduzido como “delírios de ruína”). O compêndio é dividido em mente, corpo, trabalho, relacionamento, amizade e espiritualidade. Do mesmo modo como compartimentamos nossas neuras e irresoluções.

A leitora que já teve a infelicidade de topar com um cara autocentrado e babaca, que é péssimo em milhares de quesitos e insiste em dizer que não quer um relacionamento, provavelmente vai lavar a alma com essa obra.

Gente toda malhada que posta fotinho nas redes sociais dizendo que “os padrões de beleza são muito opressores e temos que amar nossos corpos”; as roupas “com história” (quase sempre herdadas de avós ricas ou compradas em feirinhas hippies em viagens caras) das millennials desapegadas de Pinheiros; hipsters ditando regras enquanto comem “alfafa com abacate”; chefes que sequer escovam os dentes antes de cometer assédio sexual e/ou pedem que funcionárias cuidem de sua agenda pessoal, afinal, eles estão ocupados “elaborando estratégias”: essas personas estão todas lá, milimetricamente expostas.

Ao ler os quadrinhos de Bruna Maia e se deparar com a caricatura tão real que a artista faz dessas pessoas, concluo que, na realidade, são elas que vivem como caricaturas ambulantes.

Parece que Piorou

Avaliação:
  • Preço: R$69,90
  • Autor: Bruna Maia
  • Editora: Companhia das Letras

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