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Advogado, é professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste), escreve sobre direitos e discriminação.

Descrição de chapéu Folhajus Itamaraty

Lula será seu próprio chanceler

O vento internacional, por ora, é favorável, vide a lua de mel na COP

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Antevê-se muito trabalho à frente para que o governo Lula 3 possa tirar a competente diplomacia brasileira do lamaçal. Os últimos quatro anos consolidaram a antipolítica externa bolsonarista: personalista nas alianças, isolacionista nos atritos e negacionista no clima. Prevê-se que Lula imponha uma política externa presidencialista, o que de um lado eleva a importância da área ao contrário do que fez Dilma e, de outro, não deixa margem para erros.

Como prioridade nos primeiros cem dias, Brasil deveria retirar-se de coalizões conservadoras anti-gênero, como o Consenso de Genebra, e abrir as portas do país a mecanismos internacionais da ONU, inclusive sobre racismo. Está na ordem do dia ingressar novamente no Pacto Global da ONU para Migrações, além de fazer andar ratificações paradas no Congresso, por exemplo sobre discriminação e intolerância na OEA e sobre trabalho forçado na OIT.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião da equipe de transição, em Brasília - Lucio Tavora/Xinhua

A política externa não é mais um clube de homens poderosos de sobrenome europeu tomando uísque; é política pública que demanda pluralidade e participação porque os desafios globais são plurais e complexos. É um erro imperdoável para um governo progressista não ter nomeado pela primeira vez uma chanceler, apesar de acertar no nome da embaixadora Maria Laura da Rocha para o segundo posto do Itamaraty. Lula precisará ao seu lado pessoas que saibam que gênero, clima, e racismo são temas transversais e poderosos nas mesas de debate internacional hoje.

Os pratos que Lula deverá equilibrar não são poucos, mas o vento internacional, por ora, é favorável, vide a lua de mel na COP. Entre EUA e China, cabe equidistância e pragmatismo; visitar ambos os países é decisão acertada. Entre Norte e Sul, cabe ao Brasil encontrar, na América Latina, posição de mediador com visão crítica sobre autoritarismos mesmo à esquerda (vide Peru) e, no continente africano, de intercâmbio econômico e cultural. Lula será o chanceler de seu próprio governo.

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