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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Copa, apesar das denúncias de violações de direitos humanos, poderá ser especial

Mundial seria mais leve e alegre após a guerra na Ucrânia e a trágica pandemia

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Quando leio um poema, tenho de relê-lo uma ou várias vezes, para tentar incorporar e entender as belas palavras. Assim é também no futebol. Treinadores e jogadores necessitam de repetição, de tempo variável relativo, para formar um time entrosado.

Por outro lado, tão ou mais importante que o tempo para treinar e experimentar é unir jogadores que se completam em suas características. A primeira vez em que assisti a Pelé e Coutinho atuarem juntos no Santos, a melhor dupla de atacantes que vi jogar, os dois, além da excepcional técnica, flutuavam em campo, próximos um do outro. Um pensava o pensamento do outro.

Independentemente do que acontecer neste domingo (3) entre Palmeiras e São Paulo, os jovens meio-campistas Rodrigo Nestor e Pablo Maia, destaques do São Paulo, completam-se nas características, embora eu ache que Nestor atue muito adiantado, bem próximo da área adversária. Deveria vir mais de trás, com o campo à frente. Já no Palmeiras, o lúcido e preciso Raphael Veiga é a ponte, a ligação, entre os velozes Roni e Dudu.

Na seleção, Paquetá e Neymar, mais recuados, com um centroavante à frente dos dois, ou mais adiantados, sem um centroavante, complementam-se. É a união da exuberância técnica e individual de Neymar com a inteligência coletiva e os toques curtos e precisos de Paquetá.

Lucas Paquetá e Neymar juntos em partida pela seleção brasileira - Carl de Souza - 2.jul.21/AFP

Tite e todos nós estamos com muita esperança de que a seleção tenha sucesso na Copa. O time tem feito ótimas partidas coletivas, bateu o recorde de pontos nas Eliminatórias (45), ainda com um jogo a menos, e vários jogadores evoluíram bastante no último ano, como Paquetá, Raphinha, Vinicius Junior e Antony. O Brasil está entre as nove seleções com chances de ganhar o Mundial, as oito do primeiro grupo, menos o Qatar, mais a Alemanha e a Holanda.

A França é um pouco mais forte que as outras, porém não é somente por acaso que as duas únicas seleções que ganharam dois mundiais seguidos foram a Itália, em 1930 e 1934, e o Brasil, em 1958 e 1962. Acredito muito mais na força da responsabilidade, do compromisso e da ansiedade para vencer do que na tranquilidade de um campeão.

Tite tem hoje 20 jogadores certos para a Copa. Falta definir um lateral esquerdo, um zagueiro e um atacante. O goleiro Weverton e o lateral Arana devem ser os únicos que atuam no Brasil. Não há outros que mereçam. É mais fácil para um goleiro ou para um defensor jogar na seleção com a mesma qualidade com que atua nos times brasileiros do que para um meia ofensivo ou para um atacante, que brilha demais no próprio país, já que encontra facilidade para driblar e fazer gols.

O Brasil vai enfrentar, na primeira fase da Copa, Sérvia, Suíça e Camarões. Não é um grupo fácil. No Mundial de 2018, o Brasil empatou com a Suíça, e a Sérvia, recentemente, ganhou de Portugal nas Eliminatórias. Os grupos estão equilibrados. Embora exista favoritos em todos os grupos, a tendência é que a distância técnica entre as seleções diminua, pois o futebol é universal e existem muitos jogadores de pequenas seleções atuando em grandes times do mundo.

A Copa, apesar das denúncias de violações de direitos humanos na construção dos estádios, poderá ser especial por acontecer no fim ou logo após a guerra da Ucrânia e a trágica pandemia. Seria um Mundial com muitos craques, em um ambiente de leveza, de alegria e de euforia pelo renascimento da vida.

A vida é bela e prazerosa, embora haja tanta idiotice e egoísmo do ser humano.

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