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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Conceitos e opiniões no futebol flutuam de acordo com o humor e o momento

As contradições também aconteciam no passado, porém com menos frequência

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Os treinadores possuem grandíssima importância no futebol. Já escrevi isso um milhão de vezes. Mesmo assim, alguém me disse, em uma das minhas caminhadas diárias, que elogio pouco os treinadores. Apenas discordo das tantas explicações táticas que dão para justificar os desempenhos e resultados. Basta o técnico promover alterações durante as partidas para elas se tornarem as causas das vitórias e das derrotas.

Os dois tempos de um jogo de futebol são geralmente diferentes, com ou sem mudanças, por causa de inúmeros fatores técnicos, táticos, emocionais e surpreendentes. No instante de um lance, é o jogador que decide o que fazer, independentemente da estratégia.

Existem milhões de comparações estatísticas, muitas delas sem nenhum valor, como as finalizações. Um time pode finalizar dezenas de vezes sem criar uma única chance clara de gol ou o contrário, criar várias chances sem finalizar. Evidentemente, muitas estatísticas ajudam bastante na compreensão do jogo.

Dizia-se que o Botafogo, hoje líder, corria risco de cair - Diego Vara - 9.jul.23/Reuters

Se a bola não tivesse batido na cabeça de Erick, sido desviada e entrado no gol, quando o Athletico-PR era superior e criava muito mais chances de gol do que o Flamengo, a história da partida poderia ter sido outra. O Flamengo, na maior parte do jogo, estava vulnerável na defesa e pouco eficiente no ataque. Alguém, talvez por causa da vitória por 2 a 0, disse que o Flamengo teve uma excepcional estratégia. Não vi.

Escutei também que, se o Athletico-PR fosse ainda comandado por Felipão ou por Turra/Felipão, o time teria eliminado o Flamengo por causa da experiência do técnico. Enquanto isso, Felipão é chamado de desatualizado por muitos no Atlético-MG. Os conceitos e opiniões no futebol flutuam de acordo com o humor e o momento.

As contradições também aconteciam no passado, porém com menos frequência. Após a conquista do Mundial de 1958, o obeso treinador Feola foi bastante elogiado pela calma e serenidade. Depois do fracasso de 1966, ele foi ridicularizado por ser bonachão e até disseram que ele dormia durante as partidas.

O futebol é mestre em derrubar clichês, lugares-comuns. Antes do Brasileirão, dizíamos que o Botafogo corria o risco de ser até rebaixado por causa do elenco barato e de pouco prestigio. Chegou à 15ª rodada como líder, dez pontos à frente do vice.

Luís Castro foi para a Arábia, e o time manteve o rendimento nos três jogos subsequentes, com o ex-jogador Caçapa, que é auxiliar técnico há tempos no Lyon da França. Ele não conhecia os jogadores do Botafogo. Se o time piorar com o novo treinador, Bruno Lage, mais um português, o comentário já estará pronto, que ele não seguiu a cartilha de Luís Castro.

Feola foi elogiado pela calma e depois ridicularizado como bonachão - Folhapress

A vitória do São Paulo e a eliminação do Palmeiras da Copa do Brasil fazem bem ao futebol brasileiro porque Dorival Júnior merece ser mais reconhecido como um ótimo treinador e porque Abel Ferreira necessita ser menos agressivo e prepotente durante as entrevistas e as partidas. O silêncio do treinador e dos jogadores do Palmeiras depois do jogo foi uma atitude soberba, de não saber perder.

O futebol e a vida possuem muitas incertezas. Obviamente, os times, treinadores e jogadores que possuem mais talento, mais dedicação, mais gana para vencer, mais preocupação em aprender e evoluir têm mais chances de brilhar.

Somos, profissionais e cidadãos, em proporções variáveis, ambiciosos e solidários, pragmáticos e sonhadores, contraditórios e objetivos, alegres e tristes, autossuficientes e conscientes de nossas limitações. Somos humanos.

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