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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Dificuldades financeiras da Argentina auxiliam soja em Chicago

Governo interrompe redução gradual da taxa de exportação no farelo e no óleo de soja

Colheita de soja na Argentina - Daniel Garcia - 3.abr.08/AFP

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A Argentina, importante exportadora de farelo e de óleo de soja, vai interromper a redução gradativa de impostos de exportação nesses dois produtos.

Desde que assumiu a Presidência, Mauricio Macri vinha reduzindo em 0,5 ponto percentual por mês a taxa. No início de seu governo, o imposto estava em 32%. Atualmente, está em 23%. A meta é deixar o governo com taxa de 18%.

A taxa de redução gradual será mantida, no entanto, nas exportações de soja em grãos. Ao contrário do que ocorre no Brasil, as exportações de soja em grãos na Argentina têm menos importância do que as de farelo e de óleo.

Para a analista Daniele Siqueira, da AgRural, a suspensão ocorre porque o governo quer aumentar a arrecadação de impostos e reduzir o déficit fiscal do país, uma medida acertada com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

Vista como desestimuladora à produção de soja, a medida do governo argentino provocou uma alta de 2,5% na cotação do farelo, em Chicago, nesta terça-feira (14). O farelo puxou a soja, que teve evolução de 1,3% no contrato de setembro.

A ação do governo argentino provocou uma recuperação do preço internacional da soja, que havia desabado na sexta-feira (10), após os bons números divulgados pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Undos) para o setor.

Em agosto, o governo faz a primeira estimativa de produtividade de soja. Ela veio acima do previsto e pode garantir safra recorde.

A produtividade de soja estimada pelo Usda é de 57,8 sacas por hectare, abaixo das 58,3 sacas da safra 2016/17. Com o aumento de área, porém, a safra deverá atingir o recorde de 124,8 milhões de toneladas em 2018/19.

“Está sobrando soja” diz Siqueira. A produção recorde mantém os EUA na liderança mundial de produção e eleva os estoques finais do país para 21,4 milhões. Ou seja, em 31 de agosto de 2019, os Estados Unidos terão uma sobra de soja nunca atingida antes.

Mesmo em guerra comercial com a China, os americanos não esperam intensa redução nas exportações da oleaginosa. Na safra que está se encerrando, as vendas externas vão somar 57,1 milhões de toneladas. Na próxima (a 2018/19), caem para 56,1 milhões.

E aos brasileiros, maiores produtores mundiais após os EUA, nem rezar adianta para que ocorra uma redução desse volume recorde.

A safra nos EUA está uma semana adiantada em relação ao tempo normal, e restam apenas duas outras para a maturação dos grãos. Eventuais chuvas na colheita poderiam reduzir um pouco a produção.

Esses números, mesmo elevados, não afetam muito, ainda, o mercado brasileiro. Variação cambial e prêmio pago ao produto brasileiro mantiveram os preços internos estáveis, apesar da queda da semana passada em Chicago.

 

Safra brasileira  Estimativa desta terça-feira da consultoria Céleres indica uma produção de 119,6 milhões de toneladas de soja no Brasil na safra 2018/19.

Área Essa produção supera em 1 milhão o volume de 2017/18. Uma das razões para a alta é o crescimento da área de plantio. Na safra que será semeada, a área sobe para 36,2 milhões de hectares, acima dos 35,1 milhões da anterior.

Suco de laranja  O estoque brasileiro ficou em 343 mil toneladas no final de junho, 219% mais do que em igual período de 2017.

Desafiador Mesmo com esse aumento, Ibiapaba Netto, diretor-executivo da associação, diz que este ciclo será mais um período desafiador. O estoque está abaixo do dos patamares usuais.

Valor de produção As principais lavouras e a pecuária brasileira deverão acumular um VBP (Valor Bruto de produção) de R$ 563 bilhões neste ano, 2% menor do que o de 2017. Os dados são do Ministério da Agricultura.

Pecuária cai mais O VBP das lavouras recua para R$ 383 bilhões, 3% menor do que no ano anterior. A pecuária (bovinos, suínos, frango, ovos e leite) cai para R$ 180 bilhões, 5% menos.

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