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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Qual o tamanho da próxima safra brasileira de grãos?

A Conab prevê 313 milhões de toneladas; o IBGE estima 288 milhões

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Esta quarta-feira (9) foi marcada por diversas divulgações de estimativas da safra brasileira de grãos. Todas indicam uma boa evolução da produção de grãos para exportação, mas uma queda na de alimentos básicos para o mercado interno.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento prevê uma safra de 313 milhões de toneladas em 2023. Já o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima um volume de 288 milhões.

As duas entidades, que praticamente acompanham os mesmos produtos, tiveram disparidades fortes em soja e milho, produtos que representam 89% do volume nacional de grãos.

Máquina agrícola deposita grãos de soja em caminhão em granja em Brasília - Lucio tavora - 18.fev.2022/Xinhua

O IBGE acompanha o desempenho de 14 produtos; a Conab, de 16. Esta traz números de canola e de gergelim, pouco representativos no quadro geral.

A diferença se deve basicamente às menores áreas e produtividades estimadas pelo IBGE, tanto na soja como no milho.

A Conab estima uma área de plantio de 43,2 milhões de hectares nesta safra 2022/23, 5% acima da esperada pelo IBGE. A produtividade média de 3.551 quilos por hectare supera em 3,2% a do IBGE, o que resulta em uma diferença de 11,3 milhões de toneladas na produção final.

Nos cálculos da Conab, a produção brasileira de soja deverá atingir 153,5 milhões de toneladas; nos do IBGE, 142,2 milhões. O Usda (Departamento de Agricultura dos EUA), que também divulgou dados nesta quarta-feira, estima uma produção de 152 milhões de hectares.

Várias consultorias também apostam em volume superior a 150 milhões de toneladas. Outras ainda esperam para ver como ficam o clima e a produtividade. A AgRural prevê 149 milhões de toneladas para 2023.

Outro ponto de desencontro da Conab com o IBGE está nos números do milho. A primeira estima uma área de plantio de 22,4 milhões de hectares, com produtividade média de 5.662 quilos por hectare. Ambas superam em 5% os dados do IBGE.

Com isso, a produção total do cereal ficaria em 126,4 milhões de hectares nas contas da Conab e de 114,6 milhões nas do IBGE. O Usda aposta em uma safra de 126 milhões de toneladas.

Se o resultado de 2023 indica boas perspectivas para as exportações, o mesmo não ocorre com a oferta de arroz e de feijão para o consumidor interno.

As exportações de soja deverão somar 96,5 milhões de toneladas no próximo ano; as de milho, 45 milhões, segundo a Conab. Neste mesmo período, a produção de arroz cai 3,5% e a de feijão, 3,1%, segundo o IBGE.

Ambos os produtos têm cenário de preços mais elevados para os consumidores neste final de ano. A queda de produção de arroz em países importantes como Índia e Estados Unidos tornam o produto do Brasil mais atrativo no mercado externo.

O feijão, com oferta menor nos próximos meses, deve ter uma recuperação de preços. Tanto o arroz como o feijão vão terminar a safra 2023 com um volume menor nos estoques internos.

Os primeiros sinais são bons para a produção agrícola, mas a própria Conab alerta que ainda não há muita clareza nesses cálculos de produtividade e que os produtores vão ter de enfrentar ainda muitas incertezas.

Elas vêm dos preços externos, da demanda internacional, dos efeitos da recessão, dos juros altos e do clima.

Além disso, o câmbio continua sendo um risco, diz Sergio de Zen, diretor da Conab. Produtores estão comprando insumos com dólar valorizado e uma eventual retração do câmbio significa menos renda no campo.

Para a Conab, a safra de grãos de 2021/22 fica em 271 milhões de toneladas. Para o IBGE, em 262,8 milhões.

O IBGE afirma que esse primeiro prognóstico para 2023 é realizado por levantamentos e projeções. As informações de campo representam 36% da produção nacional prevista. Já as projeções respondem por 64%.

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