Siga a folha

Descrição de chapéu Alalaô frevo

Mestres do frevo de PE se desdobram e seguram folia por quatro dias

Maratona exige físico, disciplina e sensibilidade para encaixar a música na hora certa

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Recife (PE)
Maestro Oséas, 63, que comanda as melhores orquestras de Olinda e toca desde os 9 anos - Bernardo Dantas/Folhapress

Sem eles não há Carnaval em Olinda e no Recife. São os propulsores da festa durante os quatro dias de folia. O segredo para arrastar multidões é não parar de tocar um segundo sequer.

Os atuais mestres do frevo, responsáveis por comandar orquestras com até 40 músicos e puxar, no chão, blocos tradicionais da folia, chegam a tocar 12 horas seguidas.

Uma maratona que exige preparo físico, disciplina e sensibilidade para encaixar a música certa na hora certa. 

José Bezerra da Silva, 80, conhecido como Lessa, sabe bem o que é isso. Tem fôlego de menino. Começou tocando trombone aos 18 anos em Nazaré da Mata, zona da mata norte de Pernambuco, e não parou mais.

Já trabalhou como pedreiro e guarda municipal. “Eu era goleiro nas peladas. Nesta época, o goleiro do América se chamava Lessa. O apelido pegou”, conta. Hoje, vive só de música.

Virou um dos maestros mais requisitados da folia. Puxa 15 blocos em quatro dias. “Minha doença é dinheiro pouco. Tenho 80 anos, mas não sinto nem dor de cabeça. Resfriado não sei o que é”.

Ele refuta o carimbo de “maestro” e reverencia nomes de compositores famosos como Cabipa e Levino Ferreira, que integram a chamada primeira geração dos mestres do frevo.

Na segunda-feira de Carnaval, Lessa se multiplica. Sai de casa às 9h. Uma hora depois, está em frente à sede da Pitombeira, uma das troças mais tradicionais de Olinda. 

Às 10h, a orquestra executa o hino do bloco e só para de tocar às 13h. Corre para a Rua da Boa Hora, também na cidade histórica, para comandar o Mulher na Vara.

Depois de subir e descer ladeiras com um sol de rachar, vai até a Rua da Guia, no Recife Antigo. Quando chega ao local, é saudado pelos Amantes de Glória.

A orquestra começa a tocar “A flecha de Glória flechou e Paulinho virou rei” e só termina nas proximidades do Pátio de São Pedro às 21h.

OLINDA

Oséas Leão de Souza, ou o maestro Oséas, 63, comanda as melhores orquestras de Olinda: Ceroula, Cariri, Elefante, Trinca de Ás, O Cimento, Boi da Macuca, John Travolta e o Se Não Quer, Tem Quem Queira.

“O sol atrapalha um pouco. É tomando cerveja e passando pomada para a boca não estourar”, diverte-se. O sábado de Carnaval é a maior prova de resistência para o maestro que começou a tocar aos nove anos. 

“A guerra começa às 12h no Trinca de Ás, depois vou para o Ceroula, às 16h, emendo com o John Travolta, que começa às 21h, e de lá tenho que ir para o Cariri, bloco mais antigo de Olinda. Começa às 3h30 da manhã do domingo e só acaba às 8h.”

Duas horas de sono e, às 11h, Oséas está de pé com a orquestra do bloco O Cimento, que sai da Igreja de São Pedro, no centro do Recife.

A responsabilidade de comandar o Homem da Meia-Noite, maior ícone da folia de Olinda, é de Carlos Rodrigues da Silva, o maestro Carlos. Há 28 anos, ele se espreme na multidão para reger uma das orquestras mais afiadas.

“Já vi de tudo nesses anos. Briga, bala, músico ser agredido e por aí vai. Mas a gente tem que fazer o Carnaval. No fim, tudo fica lindo.”

Carlos, que é o grande homenageado do calunga (boneco gigante) mais famoso de Olinda neste ano, vai comandar 86 músicos.

“O bloco é a orquestra. Se for ruim, o bloco é ruim. Não tem como fugir disso”.

Veterano, José Joaquim Mendes, o maestro Mendes, 68, responsável por segurar o frevo no desfile do bloco Pisando na Jaca, diz que uma orquestra de frevo não pode descansar.

“Tenho colega que não consegue. Quem aguenta se estabelece”, diz Mendes.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas