Mortes: Um psicólogo que queria repensar o que é ser homem
Foi um dos primeiros a trabalhar com reabilitação de acusados de violência doméstica
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No dia do seu aniversário, em 2010, Leandro Feitosa Andrade resolveu pular de parapente. Disse para a mulher, Marilene, que aquele era o seu primeiro presente. O segundo viria em junho, quando o filho Raul, ainda na barriga, nascesse.
De trajetória improvável, Leandro viveu para mostrar que havia sempre um segundo caminho a seguir. Nascido em São Paulo, começou a trabalhar cedo, aos 14 anos. Na juventude, foi garimpeiro por um ano, em Goiás, até que voltou à capital paulista decidido a cursar filosofia.
Viu que não era a sua e mudou de rumo, dessa vez para a psicologia —e não saiu mais. Fez mestrado, doutorado, virou professor. Dizia que era da academia, mas que nunca deixava de ir a campo.
Leandro achava que era possível emancipar os homens da masculinidade construída na agressividade, na dominação, nos princípios patriarcais de que ele pode, ela, não.
Queria derrubar a lógica de que ou o cara manda ou deixa de ser homem, ou ele tem o poder ou é um fracassado.
Foi um dos primeiros a trabalhar com homens agressores, antes mesmo da Lei Maria da Penha. Nos seus grupos de assistência, convidava os participantes a falar, a ouvir e a pensar em outras formas de se relacionar.
Sereno, não era do tipo que perdia a cabeça. Se algo não ia bem, se convidava a pensar em alternativas. Ia tocando em frente, como dizia Almir Sater na sua música favorita.
Morreu no dia 14, aos 58 anos, em decorrência de uma leucemia que tentava tratar desde o ano passado. Tinha achado um doador de medula óssea, mas não houve tempo de fazer o transplante.
Deixa a mulher, Marilene, os filhos, Tarsila e Raul, os irmãos, Luciano e Luciene, e a mãe, dona Noêmia.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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