Para marcar três anos de tragédia, atingidos da Samarco fazem protesto em Londres
Cinco representantes se encontraram com diretora da BHB Billiton, controladora da Samarco
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No dia em que o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), operada pela mineradora Samarco, completou três anos, cinco representantes de comunidades atingidas estiveram em Londres para fazer uma manifestação e para participar de reunião com uma diretora da BHP Billiton, empresa anglo-australiana que controla a Samarco juntamente com a Vale.
“Estranhamos a frieza da diretora da BHP, mas demos o nosso recado e esperamos providências”, afirmou Mauro Marcos da Silva, morador de Bento Rodrigues, distrito destruído de Mariana.
O encontro foi com a diretora de Negócios Corporativos da BHP Billiton para a Europa, Rosie Donachie. “Não vimos retorno de imediato, mas a gente conseguiu explanar para ela a nossa realidade”, disse Joice Miranda, de Barra do Riacho, Aracruz (ES).
O rompimento da barragem em Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015, matou 19 pessoas e destruiu 650 km de ecossistemas, espalhando rejeito de minério de pelo Rio Doce até o mar, no Espírito Santo.
Segundo Silva, o objetivo da viagem foi expor ao mundo a lembrança da tragédia de três anos atrás. “Que a tragédia jamais seja esquecida e sirva de exemplo para que outras não aconteçam”, disse.
“A gente pôde mostrar para a sociedade de Londres que nós existimos. Viemos dizer o que está acontecendo, que infelizmente é um descaso muito grande”, completou Miranda.
Os atingidos também questionaram a atuação da Fundação Renova, criada pelas três mineradoras para implementar projetos de reparação ambiental e socioeconômica.
“A Fundação Renova não nos representa, a gente se sente oprimido. O que ela faz é o que ela quer e não o que nós, atingidos, precisamos”, disse Miranda.
“A Renova vem criando mais danos, subtraindo direitos”, afirma Silva.
Além da dupla, também foram a Londres Douglas Krenak, representante das comunidades tradicionais e povos indígenas atingidos, Mônica Santos , de Bento Rodrigues, e Romeu Geraldo, de Paracatu de Baixo.
A viagem foi financiada pelo Centro de Informação sobre Empresas e Direitos Humanos, Cáritas Brasileira e Fundação Ford.
A agenda em Londres, que vai até dia 10, também inclui reuniões com organizações não governamentais, parlamentares e imprensa. Os atingidos prepararam uma carta de reivindicações e um documento para denunciar o que consideram violações de direitos pelas mineradoras e pela Fundação Renova.
Nesta terça (6), atingidos se reúnem em Mariana com a presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Margarette May Macaulay, para pedir que o caso seja denunciado junto à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
OUTRO LADO
Questionada sobre as reclamações de atingidos, a Fundação Renova afirmou que “entende como legítima a manifestação dos atingidos e reafirma seu compromisso com o diálogo para a construção conjunta de soluções”.
“As questões levantadas vêm sendo tratadas e têm sido enfrentadas com empenho, disposição para negociar, transparência e comprometimento com a maior ação de recuperação ambiental, social e econômica em construção no país”, diz a fundação em nota.
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