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Descrição de chapéu Rio de Janeiro

'Ele assassinou meu filho', diz mãe de rapaz morto por segurança à polícia

Agente de supermercado pode responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar

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Marina Lang
Rio de Janeiro | UOL

A mãe de Pedro Henrique Gonzaga, morto por sufocamento na tarde da última quinta-feira (14) após um golpe de "gravata" aplicado pelo segurança Davi Ricardo Moreira no supermercado Extra na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), prestou por duas horas depoimento na tarde desta terça-feira (19) na Delegacia de Homicídios da Capital. Dinalva dos Santos de Oliveira disse à polícia que "ele [o segurança] assassinou" o filho dela, segundo informou Marcello Ramalho, advogado da família, que acompanhou o depoimento.

"A mãe viu o filho dela em momento de surto [psicótico]. Ele correu, o segurança foi atrás, aplicou o golpe nele, derrubou o garoto no chão. E ele ficou", disse o advogado, negando qualquer tipo de suposta ameaça feita por Pedro Henrique.

Segurança imobiliza jovem em supermercado; ele morreu asfixiado - Reprodução

"Ele estava desarmado, sem oferecer perigo para o agente que justificasse aquela ação, e mesmo assim ele prosseguiu. Não atendeu aos apelos", afirmou o defensor. "Nada fazia o agente cessar aquela ação dele. Ela falou que ia levar o filho dela para fazer uma consulta, mas que não houve tempo", completou. 

Ramalho negou que Pedro Henrique tenha tentado pegar a arma do segurança. "Isso não existiu em momento algum. No momento da ação, a vítima estava desarmada. Nada justificaria ele prosseguir naquela ação que ceifou a vida do Pedro Henrique."

POLÍCIA ANALISA SUSPEITA DE MORTE DOLOSA

De acordo com Antônio Ricardo, diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), outros quatro seguranças do supermercado prestarão depoimento nesta quarta (20) pela manhã.

Davi Ricardo Moreira, segurança apontado como autor do homicídio, é esperado para depor nesta quarta à tarde. Ele havia sido preso em flagrante no dia do crime, mas foi liberado após pagar fiança. Apesar de ter sido indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), o diretor do DHPP disse nesta terça que é possível que ocorra a conversão para homicídio doloso (com intenção de matar).

"O delegado do plantão ainda não tinha elementos suficientes para ter uma decisão mais concreta. Optou por fazer um flagrante de homicídio culposo arbitrando fiança", justificou Ricardo. "Depois de registrado o fato, surgiram novas imagens na mídia que estão sendo analisadas minuciosamente. Se houve intenção de matar, ele poderá responder por homicídio doloso", prosseguiu.

Segundo o delegado, uma testemunha-chave —não identificada por ele—​ foi ouvida na segunda. "Trouxe informações relevantes, já que ela declarou que alertou diversas vezes esse segurança no sentido de ele largar o rapaz que estava por baixo já desfalecido. O segurança ouviu a mensagem e, mesmo sendo alertado diversas vezes, permaneceu naquela posição, chegando à consequência de tirar a vida daquele rapaz", disse Ricardo.

NOVAS IMAGENS

O delegado também afirmou que a polícia coletou na tarde de segunda novas imagens sobre o episódio. "Foi possível identificar um outro agente patrimonial, do qual só aparecia o coturno dele. Essa pessoa também vai ser chamada à delegacia para prestar depoimento", declarou.

Como o laudo do IML constatou morte por asfixia e, no caso de Moreira ser indiciado por morte intencional, "esse homicídio doloso será qualificado pela asfixia com pena mínima de 20 anos de prisão", acrescentou o delegado.

Ao menos dois seguranças testemunharam o caso e não intervieram. Segundo Ricardo, eles devem ser indiciados por omissão de socorro. "Eles poderão responder por homicídio doloso também [caso o indiciamento de Moreira seja alterado], já que eram agentes garantidores daquela vida naquele instante", afirmou.

A princípio, contudo, eles responderão em liberdade. "Se houver elementos que indiquem a necessidade da prisão deles, certamente essa prisão será solicitada à Justiça", concluiu Ricardo.

O QUE DIZ A DEFESA DO SEGURANÇA

André França Barreto, advogado do segurança apontado como autor do homicídio, disse, na semana passada, que ele acusou a vítima de simular um problema de saúde.

"O rapaz simulou um ataque epiléptico, o Davi se aproximou para prestar os primeiros socorros e teve a arma retirada do corpo. Ele chegou a apontar a arma para os presentes no mercado e, neste momento, um segundo segurança conseguiu intervir. Neste momento, o Davi e o jovem entraram em luta corporal e o segurança cai por cima dele, o deixando imobilizado até a chegada de reforços", disse Barreto. 

O advogado informou ainda que o segurança acompanhou a vítima até a unidade de saúde e que ficou detido por três horas na delegacia para prestar esclarecimentos.

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