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Amor de empresário por lhamas vira negócio de família em cidade do PR

Davi Lima cria animais na região metropolitana de Curitiba e vende cada filhote por R$ 7,5 mil

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Curitiba

“Osvaldo, Osvaldo”, grita Davi Lima pela pequena propriedade em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba (PR), enquanto chacoalha um balde vazio de ração para cavalo. “Ele só vem quando está cheio”, justifica o criador diante da imobilidade do animal, uma lhama adulta, “a mais carismática” do grupo de cerca de cem exemplares, segundo ele.

A tropa ainda tem outros nomes de gente, como Timóteo. Outros mais criativos, como Bruna Marquezine e Faustão, o mais “entroncado”, como descreve o dono. Há ainda os que remetem a civilizações precolombianas como "Maia" —o animal é típico de países andinos onde a cultura Inca floreceu, caso do Peru.

A peculiaridade e docilidade da espécie fizeram com que o amor pelas lhamas virasse também um negócio para Davi. Encantado desde criança vendo o animal em zoológicos e circos, ele adquiriu o primeiro exemplar há 17 anos, emprestando dinheiro do irmão. Depois, passou a importar cabeças do Chile para procriar na sua propriedade.

Hoje a venda de filhotes (por R$ 7.500 cada um) é sua principal fonte de renda. Os clientes vêm de todas as partes do país. “As pessoas viajam para países da América do Sul, como Chile e Peru, e acabam se encantando, e então me procuram seja para visitação ou para comprar filhotes”, explica o proprietário da empresa Lhamas Brasil, que só na última semana vendeu 15 animais. 

Como a gestação dura mais de 11 meses e resulta em apenas um filhote por vez, Davi programa a criação em torno das fêmeas, mais numerosas. Depois de 15 dias com a mãe, o filho do produtor ajuda na domesticação introduzindo os filhotes na mamadeira. “Aí eu me apego com o bicho e ele vende”, indigna-se Miquéias, 15.

Davi Lima cria lhamas em sua fazenda em Campina Grande do Sul - Brunno Covello/Folhapress

Alguns clientes chegam a adaptar as lhamas para transportar crianças em passeios. “É considerado um animal de estimação, então não tem problema nenhum. Tem até alguns programas nos Estados Unidos que mostram elas fazendo companhia para idosos”, aponta a veterinária especialista em animais silvestres Aline Luiza Konell, da UFPR.

Apesar de pensar a produção toda para o comércio, Davi impõe restrições para a venda, feita por um site e um perfil no Facebook. Ele já foi procurado por restaurantes de comida exótica interessados na carne da lhama e produtores querendo a lã do animal. Ele afirma, no entanto, que só faz negócios com interessados em comprar ou revender o bicho para estimação. “É um ornamento”, diz.

“Lá eles tratam como boi de corte, eu não. Eu vou quase todo ano para lá, mas para apreciar”, aponta o produtor sobre suas viagens por países andinos em que os animais são mais comuns.

As lhamas são da mesma família dos camelos. “Por isso são tranquilas”, compara Davi. Elas vivem entre 18 e 25 anos e podem chegar a pesar 150 kg e medir 2,40 m de altura. “As lhamas são extremamente adaptáveis, fortes e resistentes”, explica a veterinária. Assim, aguentam frio e calor extremos e, tomando precauções, podem viver em qualquer região brasileira.

A alimentação, segundo o criador, é simples. Como mamíferos ruminantes, elas pastam o dia todo pela propriedade, mas também recebem reforço com ração para cavalo. As fezes, parecidas com as de carneiro, secam rapidamente e também não têm odor forte.

A veterinária observa, no entanto, que a criação de lhamas, como de qualquer animal exótico, exige responsabilidade, mesmo que tenha virado moda por causa de desenhos infantis. “Às vezes, as pessoas compram no impulso, apesar de não ser um animal barato”, afirma.

Alguns cuidados a mais têm que ser tomados, aponta a veterinária, que recomenda um espaço amplo para criação e, em altas temperaturas, acesso dos animais a locais com bastante sombra e muita água fresca. Ela também indica maior frequência na tosa do animal.

“Elas também são mais suscetíveis a um tipo de verme no intestino, por isso é preciso ter acompanhamento e não é bom misturá-las com outras criações, como de vacas”, explica Aline.

Aline conta ainda que as lhamas não gostam de viver sozinhas, por isso Davi geralmente os vende no mínimo em pares. “Mas tem gente que vem para comprar dois e leva dez”, diz.

Caso contrariadas, é preciso se preparar para o cuspe, única forma de ataque da espécie. “Mesmo assim, é raro ver ela atacando as pessoas, geralmente cospem entre elas, mas só quando se sentem muito ameaçadas”, argumenta a veterinária.

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