Mortes: Escultora renomada, criou seu próprio universo de bronze
Começou sua carreira artística aos 60 anos, após tratar-se de uma câncer de mama
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Mesmo quando Odette Eid, que morreu no sábado (13), foi internada no hospital Sírio-Libanês (SP), ela pediu aos médicos papel e um lápis. Odette deu aulas de arte até seus 93 anos e esculpiu até seus 95. Depois, quando suas mãos começaram a doer, passou a desenhar.
Odette nasceu no Líbano em março de 1922. Veio para o Brasil com a família aos três anos. Aos 20 anos se casou com Calim Eid, com quem teve quatro filhos —Vilma, Célia, Sílvio e Lúcia.
Ela conviveu em um mundo de mulheres: se não estava cuidando de suas três filhas, passava seus dias no seus “clubes de mães”, como gostava de chamar, lugares em que mulheres partilhavam dicas de maternidade e ensinavam hobbies, como costura e bordado.
Só começou a esculpir aos 60 anos, depois de passar por um tratamento de câncer de mama. Desde então, a mulher foi a figura principal de seu trabalho: rostos de mães com seu filho, dançarinas em perfeita harmonia, figuras com vestidos levados pelo vento. Nas mão de Odette, o bronze tomava a forma singela da sua realidade.
“Ela foi uma mulher que você olhava e via luz,” afirmou uma de suas filhas, Vilma Eid, que também trabalha em sua própria galeria de arte.
Sua arte logo foi reconhecida pela cena artística de São Paulo e participou de diversas exposições individuais, como também criou monumentos para praças de São Paulo, como a Professor Jairo de Almeida Ramos, na Vila Nova Conceição, e a praça dos Omaguás, em Pinheiros.
Também ganhou prêmios nacionais e internacionais de esculturas, como a 1° Bienal do Annuario Latino-Americano de Artes Plásticas, em Buenos Aires, e o primeiro prêmio na XX Exposição de Arte Contemporânea Chapel Art Show, em São Paulo.
Uma mulher ativa e independente, até nos seus 90 anos de idade ainda visitava museus e balés e fazia suas compras. “Ela foi uma mulher a frente do tempo dela,” explicou Vilma, “ela foi uma feminista.”
Odette faleceu no sábado (13) no hospital, aos seus 97 anos, após ser internada por uma infecção urinária. Segundo Vilma, sua morte foi tão serena quanto sua arte: pegou a mão de seu único filho, Sílvio, deu dois beijinhos, e depois de dois suspiros, partiu.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters