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Descrição de chapéu Alalaô Dias Melhores

Projeto leva mulheres gordas para desfilar no Carnaval carioca

Fundadora quer elevar a autoestima das participantes e dar visibilidade a outro padrão de corpo

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Rio de Janeiro

O manequim fora do padrão de Nilma Duarte nunca foi um obstáculo para ela fazer uma das coisas que mais gosta, sambar. Agora, a modelo "plus size" (leia-se: com manequim acima de 44)  quer dar visibilidade a outras mulheres gordas que encontrem no samba uma forma de alimentar sua autoestima

"Sempre houve pessoas acima do peso nas escolas, mas de uma forma embutida, no meio da ala, ou na ala das baianas", diz a modelo de 47 anos que desde 2017 conduz o projeto Plus no Samba, que insere mulheres gordas nos desfiles de Carnaval.

Ela afirma que, ao sambar, nunca se preocupou "com quem estava olhando".

"Me diziam 'parabéns, que lindo, você samba'. Parecia que era uma coisa fora do normal alguém fora do peso sambar", afirmou à reportagem, durante uma sessão de fotos com seis de suas "meninas" no centro do Rio de Janeiro.

Nilma Duarte (de azul) posa na praça Mauá, centro do Rio de Janeiro, com integrantes de seu projeto Plus do Samba, que tenta desconstruir o padrão visual de passistas - Zô Guimarães/Folhapress

Mãe de três, ela virou a "titia" no grupo de mais de cem mulheres com sobrepeso que participam de seu projeto, algumas delas elevadas a destaque de escolas de samba.

A ideia veio de sucessivas abordagens de mulheres gordas que afirmavam que gostariam de ter a sua coragem para dançar em público. "Precisavam de alguém que desse o incentivo no sentido de acompanhá-las."

Para quebrar o paradigma de que a passista e o destaque precisam seguir um determinado padrão de corpo, Nilma trabalhará em parceria com cinco escolas, sendo uma do grupo Especial, a Vila Isabel. Ela afirma não ter preferências entre as escolas pequenas e as grandes. "Ali vou poder representar e levantar mulheres. Plantar uma semente."

O projeto, no entanto, vai além do Carnaval. A modelo constantemente organiza sessões de fotos com as mulheres do grupo e tenta ajudá-las a se sentirem melhores consigo mesmas.

"Meu trabalho não é só botar mulheres grandes para sambar, é um trabalho de autoestima. Elas vêm muito feridas por conta da perseguição no trabalho, na escola, em casa, em relacionamentos."

Nilma conta que uma das meninas, depois de maquiada, a abraçou e a agradeceu, porque "não sabia que poderia ficar tão bonita". 

"É bonito ver um grupo arrumado. A sociedade vai tirando o rótulo de que a grandona é preguiçosa, de que não é bonita, não é feliz", diz.

A modelo afirma que algumas mulheres chegaram ao grupo deprimidas por causa do preconceito, mas que o projeto as ajudou a recuperar a saúde mental. "Depois que participa do projeto, é outra pessoa, feliz, vaidosa. Não tem preço uma coisa dessas."

A técnica em enfermagem Simone Medeiros, 37, foi uma das participantes que, após entrar no grupo, ganhou autoconfiança.

"O projeto me trouxe a ousadia de mostrar quem eu sou. Me ajudou a me enxergar como mulher, de ver que eu podia me montar, me sentir bonita, e por que não sambar? Por que não mostrar meu corpo?"

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