Ranking de lugares com risco de contágio não tem embasamento científico
Contágio depende da quantidade de pessoas, proximidade entre elas e tempo de permanência, afirmam especialistas
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Gráficos que mostram supostos locais com maior risco de contágio pelo coronavírus, que circulam em diferentes redes sociais, não têm embasamento científico, afirmam especialistas ouvidos pela Folha.
A imagem, que circula em diferentes versões desde o começo desta semana, elenca lugares públicos e privados com maior e menor risco de exposição ao vírus.
"Ranquear os lugares não faz sentido porque o contágio depende de quantas pessoas estão circulando lá, o quão próximas elas estão e quanto tempo se passa dentro do ambiente", explica Marcio Sommer Bittencourt, médico do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP). "Por isso a ideia do isolamento físico, usar máscara e ficar a dois metros de distância."
No ranking, a casa é apontada como o lugar com menor risco de contágio, mas Sommer exemplifica como as circustâncias podem alterar essa ideia.
Se em um lar mora alguém infectado, é possível que a chance de infecção dos outros familiares, dada a proximidade física do ambiente, seja maior do que em um ambiente público em que a distância é respeitada.
A microbiologista Natalia Pasternak, presidente do instituto Questão de Ciência e pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, concorda que não há informações científicas para esse tipo de ranking e que os riscos são altamental variáveis.
"O importante é tomar todos os cuidados necessários, partindo do pressuposto que em qualquer local com aglomeração há chance de contágio", afirma.
Algumas das versões que circulam do ranking atribuem a fonte de informação ao Ministério da Saúde, que afirma não ter produzido o material.
A Sociedade Brasileira de Diabetes chegou a publicar, em seu site, uma versão do gráfico com os brasões do Sistema Único de Saúde (SUS) e da prefeitura de Vitória, Espírito Santo. Ele foi retirado do ar depois que a SBD confirmou à reportagem que não havia fonte para embasar a o gráfico.
A Prefeitura de Vitória disse que não foi fonte da informação.
Versões do ranking também foram publicadas nas redes sociais dos deputados federais e médicos Jandira Feghali e Juscelino Filho —a publicação no Facebook de Feghali teve 12 mil compartilhamentos.
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