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Diante da Covid, filha de Ziraldo reedita charge feita pelo pai na ditadura

Desenho foi encontrado por Fabrizia Alves Pinto, que produz filme sobre a trajetória do cartunista mineiro

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São Paulo

“Fiz essa charge na época da ditadura, quando a tortura estava correndo solta”, conta o cartunista Ziraldo, 88 anos a serem completados no dia 24 de outubro.

Nela, o mapa do Brasil explodia em sangue. Quando feita, retratava a violência dos anos de chumbo da ditadura. Hoje, o sangue que dali escorre pode ser interpretado como as mortes provocadas pela Covid-19, que, no último sábado (8), ultrapassou a marca de 100 mil vítimas.

Charge feita pelo cartunista Ziraldo na época da ditadura; desenho foi encontrado por Fabrizia, filha do escritor, que produz um filme sobre a trajetória do pai​ - Ziraldo

Acredita-se que, originalmente, a charge tenha sido publicada no jornal O Pasquim, provavelmente nos anos 1970, segundo conta Fabrizia Alves Pinto, filha de Ziraldo.

Criado em 1969 por um grupo de humoristas, entre eles, Ziraldo, o semanário tornou-se um marco da imprensa brasileira. Com humor, linguagem solta e provocativa nos anos mais repressores da ditadura militar, a publicação, critica ao regime, ditou tendências no jornalismo brasileiro.

O cartunista e ilustrador, Ziraldo, em outubro de 2017, no Rio de Janeiro - Ricardo Borges/Folhapress

Chargista, pintor, caricaturista, escritor, jornalista, teatrólogo, cronista, Ziraldo Alves Pinto começou a carreira nos anos 1950. Trabalhou em jornais e revistas, como Jornal do Brasil e O Cruzeiro.

Nos anos 1960, o saci-pererê criado por Ziraldo tornou-se o personagem principal daquela que seria a primeira revista em quadrinhos brasileira, A Turma do Pererê.

Primeira revista do personagem Pererê, de Ziraldo - Acervo Ziraldo/Divulgação

Em 1980, o humorista lançou o consagrado “O Menino Maluquinho”, um dos maiores fenômenos editoriais do Brasil.

Capa do livro "O Menino Maluquinho", de Ziraldo, lançado pela editora Melhoramentos - Divulgação

A charge que revela o mapa em sangue foi encontrada por Fabrizia, enquanto a diretora e roteirista mergulhava no material produzido ao longo da carreira pelo pai.

Entre Pererê e Menino Maluquinho de panela na cabeça, eis que a triste imagem surgiu aos olhos da filha.

“É o significado desse genocídio. Do descaso que estamos vivendo”, afirma. “Um desamor pelo povo brasileiro, sobretudo pelos indígenas, negros e pobres, assim como pela Amazônia e pelas matas brasileiras”, diz Fabrizia, 58.

A cineasta Fabrizia Alves Pinto, filha do ilustrador e cartunista Ziraldo, em agosto de 2018 - Marcus Leoni/Folhapress

No segundo piso de um prédio na zona sul do Rio, o estúdio do cartunista se transformou no Instituto Ziraldo. É ali que ela vasculha gavetas e garimpa pérolas que vão dar origem a um longa ou a uma série a ser transmitida pelo canal Curta!, na TV paga, previsto para estrear no fim deste ano ou no início de 2021. O filme vai contar a história do ilustre cidadão da mineira Caratinga.

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