Mortes: 'Tia das pizza', dedicava a vida à igreja
Foi voluntária na cozinha da Paróquia N. Sra. do Rosário de Fátima e Sto. Antônio de Lisboa, no Rio
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Por mais de 35 anos, a dona de casa Lourdes Cascado de Alvarenga trabalhou, como voluntária, na cozinha da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima e Santo Antônio de Lisboa, na Taquara, zona oeste do Rio.
Depois de assistir à missa das 6h30 de domingo, ocupava seu lugar na cantina da igreja para o preparo dos salgadinhos postos à venda para frequentadores fiéis. A qualidade de sua massa rendeu-lhe o apelido de “tia das pizzas”.
Generosa, Lourdes passou adiante a receita de sua pizza que, de tão apreciada, ficou exposta em um quadro na parede da cantina mesmo depois de ela deixar o voluntariado, cerca de três anos atrás.
Desde então, passou a cozinhar apenas para encontros de casais promovidos pela igreja, além das segundas-feiras em que recebia as amigas do grupo em seu apartamento. Antes da pandemia, ela e mais nove amigas se reuniam mensalmente para orarem. Religiosamente, às 15h de segunda-feira.
A cada mês, uma era escalada para acolher as participantes. Lourdes preparava os quitutes para o encontro.
“Minha mãe preparava lanchinhos. Em sua geladeira sempre havia um pote de congelados”, lembra o primogênito, o engenheiro Sirley Alvarenga, de 60 anos.
Descendente de italianos, Lourdes aprendeu a cozinhar com a mãe italiana em um fogão à lenha, o único da modesta casa onde vivia com mais cinco irmãos.
Aos 15 anos e primeiro grau completo, começou a trabalhar como costureira em uma fábrica de lingerie na Penha, Zona da Leopoldina. Deixou o ofício ao casar-se aos 21 anos.
Em uma casa de fundos feita de madeira, ela e Alípio, motorista da companhia de ônibus, tiveram três filhos: Sirley, Shirley e Sirlene.
Há 45 anos, mudaram-se para um conjunto habitacional em Jacarepaguá.
Após ficar viúva, há 21 anos, a pensionista aprendeu a tricotar, presenteando amigos com suas peças. Até o fim da vida, orava o terço diariamente, às 18h. Também gostava de passar roupa.
Na quarta (20), aos 82 anos, Lourdes passou mal, mas preferiu não avisar os filhos. No dia seguinte, sofreu um enfarte e foi levada às pressas para UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Taquara, onde morreu na sexta (29).
Lourdes deixou seis netos dos quais se orgulhava por terem formação superior, um bisneto e amigas inconsoláveis. Entre elas, Leila Seabra, sua amiga de adolescência e minha mãe.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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