Descrição de chapéu Governo Lula dia do trabalho

Lula sanciona reajuste da tabela do Imposto de Renda no Dia do Trabalho em Itaquera

Lei estende faixa de isenção do IR para até dois salários mínimos; medida ocorreu em ato unificado pelo 1º de Maio

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São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o reajuste da tabela do Imposto de Renda no palco do 1º de Maio unificado das centrais sindicais nesta quarta-feira, quando se celebra o Dia do Trabalho.

Quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.824) terá isenção e não pagará imposto. A medida é válida para salários, aposentadorias e pensões do INSS e de órgãos próprios.

"Eu prometi a vocês que, até o final do meu mandato, [salários de] até R$ 5.000 não terão Imposto de Renda, e a palavra continua em pé", disse o presidente, em discurso no evento que ocorreu na zona leste da capital paulista, na Neo Química Arena, em Itaquera.

"A partir de hoje, quem ganha R$ 2.824 paga zero de Imposto de Renda, e nós vamos chegar a R$ 5.000", afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula sancia a lei de reajuste da tabela do Imposto de Renda 2024 no palco do 1º de Maio em Itaquera, zona leste de SP - Zanone Fraissat/Folhapress

O teto de isenção estava em R$ 1.903,98 desde 2015, subiu no ano passado e, em 2024, também teve reajuste por meio de medida provisória. Agora, passa a ser lei.

Além do aumento de 6,97% na faixa inicial, o governo concedeu um desconto extra de R$ 564,80 para chegar à isenção a quem ganha até dois mínimos. Com isso, a primeira faixa do IR subiu de R$ 2.112 para R$ 2.559,20.

Segundo a Receita, 15,8 milhões de brasileiros deixarão de pagar imposto neste ano e outros 35 milhões pagarão menos IR por causa da progressividade da tabela.

"Vamos despenalizar as pessoas de classe média que pagam muito e fazer com que o muito rico pague mais, porque só o pobre paga. Nessa proposta do Imposto de Renda, todo alimento da cesta básica será desonerado. Não terá Imposto de Renda sobre a comida do povo trabalhador desse país."

No discurso, ele exaltou a reforma tributária, faltou que não haverá desoneração da folha de pagamento para ricos no país, reforçou a intenção de igualar salários de homens e mulheres, conforme Lei da Igualdade Salarial sancionada por ele em 2023, e elogiou a relação com o Congresso.

O presidente que o Parlamento aprovou "todos os projetos de acordo com os interesses do governo" por "competência dos ministros e deputados que aprenderam a conversar em vez de se odiarem".

O evento com o presidente contou com público abaixo do esperado.

Com o mote "Por um Brasil mais justo", a intenção das centrais sindicais presentes era tratar das bandeiras como aposentadoria, reajuste da tabela do Imposto de Renda e valorização do salário mínimo.

No palco, Lula foi acompanhado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelos ministros do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, da Igualdade Racial, Anielle Franco, e das Mulheres, Cida Gonçalves.

Também estavam os presidentes de CUT (Central Única dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores), Força Sindical, CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Nova Central, Intersindical e Pública Central do Servidor.

Essa foi a primeira vez que a festa deixou a região central e foi realizada em Itaquera, na zona leste. Sobre o ato esvaziado, o presidente deu "bronca".

"Ontem eu conversei com ele [Márcio Macêdo, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República], sobre esse ato e eu disse: Márcio, o ato está mal convocado", afirmou, em alusão ao responsável pela convocação do movimento social.

"Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar, mas de qualquer forma eu estou acostumado a falar com mil, com um milhão, mas também se for necessário eu falo apenas com a senhora maravilhosa que está ali na minha frente para conversar."

SINDICALISTAS ATACAM JUROS E EXTREMA DIREITA

Nos discursos, sindicalistas atacaram a taxa de juros, que ainda consideram alta, exaltaram a Lei da Igualdade Salarial e criticaram a extrema direita. Antônio Neto, presidente da CSB, disse ter sido fechada a "porta do inferno", mas que "nós não entramos ainda no paraíso".

Neiva Maria Ribeiro, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Osasco, disse que há empresas que querem derrubar a Lei da igualdade Salarial. "É salário igual para trabalho igual. Eles querem derrubar", disse, no ato.

O vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente Lula participam nesta quarta-feira (1º) de um ato das centrais sindicais em comemoração ao Dia do Trabalhador, no estádio do Corinthians, na Zona Leste de São Paulo - Zanone Fraissat/ Folhapress

Milton Cavalo, presidente do Sindnapi (Sindicato dos Aposentados), elogiou a valorização do salário mínimo, mas pediu algum tipo de política para aposentados que ganham acima do piso do INSS.

Outra pauta defendida foi a "desprivatização da Eletrobras", cuja capitalização foi concluída no ano passado, e a manutenção da Sabesp como de economia mista.

O projeto de lei que viabiliza a privatização da companhia de saneamento pode ser votado amanhã (2) pela segunda vez na Câmara Municipal de São Paulo.

Sobre o ato esvaziado, o deputado federal Alfredinho (PT-SP) afirmou que os organizadores tiveram dificuldades em encontrar o local adequado.

"[Além disso], existe dificuldade do nosso campo de mobilização, pelas várias características de mudanças de militância política. Há uma direita que mobiliza em cima de algumas pautas reacionárias e a esquerda que mantém as pautas mobilizadas há anos", disse à Folha.

Ele apontou também que os sindicatos hoje já não são mais capazes de atrair público para atos políticos da esquerda como as igrejas fazem com a direita.

Colaboraram Lara Barsi, Luana Franzão, Lucas Leite, Marcelo Pessini, Matheus dos Santos e Victoria Batalha

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