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Descrição de chapéu Interior de São Paulo

Polícia Civil apreende maior carga de ingrediente de adesivo usado em crack e cocaína

Segundo toxicologista, substância é usada para fazer volume e pode trazer riscos à saúde

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São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo apreendeu 366 quilos de Irganox 1076, substância que é dissolvida em drogas como crack e cocaína para ganho de volume. O material estava em um caminhão que foi abordado por agentes do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão a Narcoticos) na praça de pedágio da rodovia Dom Pedro I, em Atibaia, no interior de São Paulo, na noite de sexta-feira (10).

Dois homens foram presos em flagrante por tráfico de drogas. Após audiência de custódia, eles foram conduzidos para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Jundiaí.

De acordo com a Polícia Civil, a apreensão foi a maior da história no estado. A Polícia Civil chegou a informar que o material apreendido no caminhão era cocaína, devido à semelhança na coloração e nos moldes como estava embalado. No entanto, após análise no Instituto de Criminalística foi confirmado se tratar de Irganox.

Policiais do Denarc localizaram substância dentro de um caminhão que trafegava pela rodovia Dom Pedro I - Polícia Civil/Divulgação

Conforme o toxicologista Julio de Carvalho Ponce, o Irganox é um plastificante e antioxidante, com uso diverso, como em formulações de plásticos.

Mesmo sendo uma substância legalizada, a Polícia Civil entendeu que a dupla se enquadra em um trecho do artigo que remete ao tráfico, que também determina a prisão para aquele que importa, exporta, fabrica, adquire, vende, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas.

"Ela pode ser usada como insumo para cocaína e para crack, mas ela vem sendo usada mais como insumo para crack. É uma coisa muito nova, quase que inédita", disse o delegado do Denarc Fernando Santiago.

Segundo o site da fabricante Basf, o Irganox 1076 é recomendado para uso na fabricação de adesivos hot-melt (como os de armas de cola quente), resinas, selantes, adesivos para pisos de madeira e produtos para telhados.

Santiago explicou que a substância saiu da zona sul da capital e deveria abastecer a região de Atibaia e o sul de Minas Gerais. A polícia passou a monitorar o caminhão após a descoberta de um laboratório para refino de cocaína e crack no Jardim Apurá, na zona sul da capital, no dia anterior.

No local, foram encontradas três máquinas empacotadoras automáticas de sachês, utilizadas na confecção de papelotes de cocaína e 10 quilos da droga. Durante as buscas, os policiais também encontraram cerca de 2 kg de Irganox, o que chamou atenção do serviço de inteligência, que levantou informações sobre o caminhão, que foi monitorado até a praça de pedágio.

O delegado Fernando Santiago afirmou ter buscado por Irganox em boletins de ocorrência no estado, mas nada fora encontrado.

"A cocaína é uma droga muito cara, tinha um nicho de consumidores, pessoas que têm um pouco mais de dinheiro e, para aumentar o lucro, as organizações criminosas passaram a aumentar a produção do crack, para poder lucrar mais e atingir esse nicho de pessoas bem pobres, e até miseráveis, que não têm condições de acesso à cocaína", disse Santiago.

No boletim de ocorrência não consta o termo de depoimento da dupla presa, um homem de 57 anos e um jovem de 32. Mas, segundo o documento, ainda na praça de pedágio, eles informaram que estariam "transportando uma carga com produtos diversos para a cidade de Belo Horizonte (MG), sendo que o frete foi contratado através de um aplicativo de nome 'frete Bras', afirmando não ter mantido nenhum contato pessoal com seu contratante, podendo apenas afirmar que teria retirado a carga na cidade de Jundiaí".

À Folha, o toxicologista Julio de Carvalho Ponce afirmou que o uso da substância seria apenas para aumento da massa da droga. "Não imagino que dê qualquer efeito farmacológico, e é possível que esteja sendo adicionado apenas para dar mais volume".

Segundo ele, o material deve ser utilizado apenas para seus fins originais, já que pode acarretar em problemas de saúde. "Como é pouco solúvel em água, pode bloquear as vias aéreas se consumido por inalação", explicou.

"Imagino que teria o mesmo risco [uso de crack e cocaína], porque ambos vão para o pulmão quando do consumo."

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