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Polícia investiga morte de menino de 11 anos baleado em passeio de moto em SP

OUTRO LADO: Apontado por familiares como autor do disparo em Itaquaquecetuba, PM de folga nega ter atirado, mas confirma ter sacado arma

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São Paulo

A Polícia Civil investiga a morte de um menino de 11 anos ocorrida na véspera do Natal em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. O estudante Luiz Miguel Matias Caje dos Santos foi atingido por um tiro disparado supostamente por um policial militar de folga.

A criança passeava de moto, por volta das 23h de 24 de dezembro, quando foi atingida. A Corregedoria da PM também acompanha o caso.

Segundo o pai do menino, o pedreiro Alessandro dos Santos, 36, a família estava reunida em uma confraternização, à espera da ceia, quando seu filho pediu para passear de moto com um primo de 22 anos, que havia adquirido o veículo recentemente.

Luiz Miguel Matias Caje dos Santos, 11, pouco antes de subir na motocicleta do primo em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo - Arquivo pessoal

Naquele dia, outros familiares já haviam passeado na garupa do jovem, segundo o pai. A vez do estudante chegou minutos antes de o relógio marcar 23h.

Em seu depoimento, o policial Oziro Nonato de Oliveira, 48, lotado no batalhão de Suzano, cidade vizinha, disse que havia acabado de chegar à casa de sua filha quando viu sua esposa, que estava a pé, ser cercada por diversas motocicletas.

De acordo com o PM, ele ouviu alguém dizer "perdeu, perdeu", não conseguindo identificar o autor. Conforme Oliveira, havia cerca de dez motos, com seus condutores promovendo intenso barulho, como estouro de escapamento.

O policial disse então ter sacado a arma para espantar grupo. Na hora ele reparou que a arma estava travada, o que o impossibilitaria atirar.

Oliveira afirmou que, temendo represálias, foi até outro endereço, onde ligou para o 190 e contou o que houve. Somente após retornar ao local, acrescentou ele, ficou sabendo que uma pessoa havia sido baleada.

O PM nega que tenha feito qualquer disparo. Ele alegou que, como os estampidos produzidos por motos são semelhantes a tiros de arma de fogo, alguém pode ter disparado naquele momento sem que tenha percebido.

A Folha não localizou a defesa do PM até a publicação deste texto.

A versão do condutor da moto e primo de Luiz Miguel é diferente. Em seu depoimento, ele disse que pilotava a moto quando um desconhecido correu em sua direção com a mão fechada, como se fosse agredi-lo.

Ele afirmou ter conseguido desviar do homem, mas que perto dele estava o PM Oliveira. Nesse momento, ele ouviu um estampido, e seu primo disse ter sido baleado.

O condutor da moto disse não ter visto quem atirou em Luiz Miguel, porém crê ter partido do PM. O jovem confirmou a versão do policial de que havia outras motos nas proximidades.

O menino foi levado ao hospital Santa Marcelina, onde morreu.

"O meu sobrinho já conhecia o PM de vista. Ele pediu para parar, os meninos já estavam parando. Ele deu uma coronhada no meu filho, o que causou o disparo. Ele estava abordando as pessoas na rua", declarou o pai à reportagem da Folha. "Infelizmente meu sobrinho passou com meu filho naquele momento."

A mãe de Luiz Miguel, a diarista Ana Clécia Matias, 36, disse que ele era um bom aluno. "Meu filho estudava, não gostava de sair muito para a rua. O negócio dele era ficar dentro de casa, celular, videogame. Era estudioso, não faltava, nunca me chamaram na escola para reclamar dele."

Terceira versão

A perícia apontou que o tiro entrou pelas costas e saiu pelo pescoço do menino, provocando hemorragia, que levou a uma anemia aguda. O legista encontrou sinais de que o disparo ocorreu à queima-roupa, ou seja, a uma curta distância.

O boletim de ocorrência ainda traz uma terceira versão.

Pelo depoimento dos policiais militares que atenderam a ocorrência, eles receberam a informação da central de que um PM havia feito contato com o 190 relatando que sua esposa havia sofrido uma tentativa de assalto, sendo cercada por diversos motoqueiros. Ele então teria sacado sua arma, mas não soube precisar se atirou, pois a pistola teria falhado ao apertar o gatilho.

Policiais que estiveram no local não encontraram cápsulas de arma de fogo.

"Nós sabemos que tinha um bar nas imediações e, talvez, pessoas podem ter visto o que aconteceu. Nosso papel é colaborar com as investigações", disse o ouvidor da Polícia, o professor Claudinho Silva. A Ouvidoria também oficiou a Superintendência da Policia Técnico-Científica, por considerar os laudos importantes para a construção das provas, principalmente de onde pode ter partido o tiro.

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que o caso é investigado pelo Setor de Homicídios de Mogi das Cruzes, também na Grande São Paulo. A arma do policial foi apreendida após ele prestar depoimento.

Foram solicitados exames ao Instituto de Criminalística e ao IML (Instituto Médico-Legal). Conforme a pasta, a autoridade policial aguarda pelo resultado dos laudos periciais para análises e esclarecimento dos fatos.

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