Siga a folha

Demolir prédios-caixão afetaria milhares de edifícios no Grande Recife, diz engenheiro

Edifícios como o que caiu parcialmente nesta sexta (7) são sustentados por paredes de alvenaria, blocos ou tijolos ligados por argamassa

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Construídos em larga escala nos anos de 1970 na região metropolitana de Recife, os chamados prédios-caixão têm como principal característica a ausência de colunas e pilares de concreto armado, aço ou outros materiais que funcionam como uma espécie de esqueleto estruturante. São as paredes de alvenaria, blocos ou tijolos ligados por argamassa as responsáveis por suportar o edifício.

Um desabamento de parte de um edifício residencial na cidade de Paulista, manhã desta sexta (7), provocou mortes e deixou desaparecidos. O prédio que desabou é do tipo caixão.

Local onde houve desabamento de parte de um prédio residencial no Grande Recife, nesta sexta-feira (7) - Anderson Stevens/Reuters

Os edifícios em formato de caixa são oficialmente chamados de prédios de alvenaria estrutural. "Não é nenhum crime construir com essa técnica", afirma o engenheiro-civil Gibson Queiroz, membro do Ibape-PE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Pernambuco).

O risco de desabamento existe, ele explica, quando as normas de segurança para essas construções são desrespeitadas. O descumprimento mais comum é a substituição dos blocos chamados de estruturais por outros, mais baratos, adequados apenas para a vedação.

A diferença mais básica entre eles é a direção dos furos no interior. Os estruturantes têm perfurações verticais, enquanto os de vedação, horizontais. Mas não basta apenas inverter a posição dos tijolos. Os estruturantes têm vãos menores no interior, pois são feitos com uma quantidade maior de material, seja cimento ou cerâmica.

Quando a obra faz uso inadequado do bloco de vedação, diz-se que o prédio é de alvenaria resistente, ensina Queiroz. Diferente do que sugere o nome, são os prédios apelidados de resistentes os mais propensos a desabamentos. E eles são muitos na capital pernambucana e arredores.

Com mais de 40 anos de experiência em vistorias em edifícios desse tipo, Queiroz afirma que mais de 5.000 prédios precisariam ser demolidos no Grande Recife caso todos aqueles construídos fora da norma fossem condenados.

Para evitar um agravamento do déficit habitacional e novas tragédias, a solução é a avaliação técnica desses prédios. Algo trabalhoso e que poucas empresas ou profissionais da engenharia gostam de fazer, pois atestar a segurança desses prédios é assumir um risco elevado.

Intervenções simples feitas por moradores, como a abertura de uma janela ou para aparelho de ar-condicionado podem comprometer toda a estrutura desse tipo de construção.

A norma vigente para prédios de alvenaria estrutural requer que a carga suportada seja de cinco vezes a pressão que está de fato sobre a construção. Nos prédios em que avaliou ao longo dos anos, a pressão costuma ser a metade disso.

Ainda assim, apesar de fora das normas, os prédios são matematicamente estáveis e podem ser preservados com obras de reforço, explica o engenheiro.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas