Prédio que desabou estava interditado e era ocupado por 3 famílias no Grande Recife

Segundo a Prefeitura de Paulista, a construção está interditada desde 2010 e passou por vistoria recentemente

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São Paulo e Paulista (PE)

Três famílias viviam no prédio que desabou no município de Paulista, no Grande Recife, em Pernambuco, no começo da manhã desta sexta-feira (7). A informação é da Prefeitura do Paulista, que não soube, no entanto, precisar o total de pessoas que moravam no local.

No total, oito apartamentos colapsaram e 19 pessoas estavam no local, entre resgatados e desaparecidos que estão nos escombros. Ao menos oito pessoas morreram.

O prédio estava interditado pela Defesa Civil havia 13 anos e foi reocupado por grupos de sem-teto, segundo a prefeitura. O prédio passou por vistoria recentemente. A gestão municipal, no entanto, não respondeu há quanto tempo as famílias ocupavam o imóvel irregularmente, nem o motivo da interdição.

"O local é considerado um foco de imóveis interditados pela Defesa Civil do município. O panorama não é diferente de outras cidades da RMR (Região Metropolitana do Recife). A situação na RMR é crônica, com imóveis interditados e outros que ruíram", afirmou a prefeitura em nota.

Fachada de prédio destruído em Paulista, na região metropolitana do Recife, após desabamento nesta sexta (7) - Charles Johnson/MyPhoto Press/Folhapress

Ainda segundo a gestão municipal, o presidente Lula (PT) recebeu um diagnóstico da situação dos prédios do tipo "caixão" na região, quando esteve no estado recentemente para inaugurar o prédio do Instituto Federal de Pernambuco, em Paulista.

"Na ocasião, o prefeito Yves Ribeiro solicitou providências do Governo Federal, no sentido de encaminhar uma solução definitiva por parte da Caixa Econômica Federal e das seguradoras responsáveis pelos prédios. Na ocasião, foi proposta uma agenda com Lula para uma definição de solução para esse problema crônico", trouxe a nota.

DESABAMENTO

Até o momento foi confirmada a morte de três pessoas. Duas pessoas foram resgatadas com vida, sendo uma mulher de 65 anos, e outra adolescente de 15 anos. Ambas sofreram fraturas e foram socorridas para hospitais do Grande Recife. Uma pessoa foi localizada com vida nos escombros, mas ainda não foi resgatada.

Além dos bombeiros, dezenas de voluntários trabalham para resgatar as pessoas que estão sob os escombros.

O prefeito Yves Ribeiro (MDB) fez um pronunciamento em uma rede social e disse que já havia alertado sobre o problema.

"A gente já tinha alertado para isso há muito tempo, mais de dez anos que os prédios foram desativados. Cobrar agora da seguradora a responsabilidade. Inclusive, aqui no Janga, a gente já desativou um prédio que também estava nessa mesma situação, quando a Justiça nos ajudou", disse, sem explicar qual a seguradora e a relação dela com estrutura do prédio.

"É preciso esse grito de alerta para que essa seguradora tome providências e outras pessoas não venham a morrer e outras cidades não venham a passar por essa tragédia que Paulista está passando", completou.

Ribeiro ainda agradeceu as equipes de diferentes áreas da prefeitura e os voluntários que desde cedo ajudam nos trabalhos de resgate no local.

A Folha questionou qual é a seguradora e a relação dela com o conjunto habitacional, mas não recebeu resposta até esta publicação.

Os Bombeiros foram acionados por volta das 6h30. Cerca de 50 profissionais participam das buscas.

O prédio é em formato "caixão", com térreo e três andares. Em cada pavimento, são quatro apartamentos.

A região metropolitana do Recife é atingida por chuvas intensas desde a noite de quinta-feira (6). Por isso, o Corpo de Bombeiros tem tido mais dificuldades para fazer as buscas pelas pessoas desaparecidas.

"Está chovendo agora e também choveu durante a madrugada. Acreditamos que isso possa ter contribuído [para o desabamento]", disse André Gustavo Carneiro Leão, secretário de Segurança e Defesa Civil.


VÍDEO: VEJA O MOMENTO DO DESABAMENTO EM PAULISTA, NO GRANDE RECIFE

Os bombeiros procuram por essas pessoas que estão desaparecidas, segundo relatos de familiares e vizinhos. Oito viaturas foram enviadas para o local. O prédio colapsado fica no Conjunto Beira-Mar, na rua Dr. Luiz Inácio de Andrade Lima, no Janga.

Dezenas de voluntários estão no local ajudando a retirar escombros e outros objetos para resgatar as pessoas que estão desaparecidas. Os bombeiros também atuam com cães farejadores para localizar os pontos exatos onde as vítimas possam estar.

Não há informações sobre o número de feridos ou se há confirmação de mortes.

OLINDA

Em 27 de abril, seis pessoas morreram e ao menos cinco ficaram feridas após um desabamento seguido de incêndio de parte de um prédio de três andares em Olinda, no Grande Recife, durante a noite.

O desabamento ocorreu no Jardim Atlântico, por volta das 22h. O prédio também estava interditado, segundo a Defesa Civil de Olinda, e, portanto, não poderia ter moradores.

Entre os mortos estão um homem de 32 anos, um adolescente de 13, uma mulher de 52, uma mulher de 32 anos e a filha de 16.

Em 2020, a Prefeitura de Olinda divulgou que há cerca de 98 prédios com problemas para moradia.

Mesmo assim, pessoas invadiram a unidade ou realizaram aluguéis das suas propriedades.

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