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Secretário da Segurança de SP ignora tradição e vai de terno a baile de gala da PM

Evento exige uso de smoking ou farda; procurada, gestão Tarcísio de Freitas não respondeu

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São Paulo

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, foi de terno a uma cerimônia da Polícia Militar que previa o uso apenas de traje a rigor —ou seja, smoking ou farda de gala para os homens, vestido longo para as mulheres.

Conhecida como Baile da Espada, a festa marca a formatura dos alunos da Academia Militar do Barro Branco, a escola de oficiais da PM paulista. O traje obrigatório é levado tão sério que uma equipe fica na porta do baile para barrar roupas fora do padrão. Um único botão desabotoado é motivo de reprimenda dos fiscais.

Guilherme Derrite é alvo de críticas feitas por oficiais da PM - Greg Salibian - 1º.jan.2023/Folhapress

O Baile da Espada ocorreu em junho. Autoridades civis não são barradas nos bailes da PM por não usar smoking, mas todas recebem convites com alertas da exigência do traje a rigor.

Coronéis ouvidos pela Folha afirmaram que como Derrite é oficial da reserva da PM, ele já conhecia a tradição. Por isso, consideraram o ato um desrespeito à instituição.

Em 2017, por exemplo, Derrite foi ao Baile do Espadim (evento que marca a entrada na academia do Barro Branco e que tem as mesmas regras de traje que o Baile da Espada) com uma farda de gala. Na época ele era tenente na PM.

A Folha mostrou no início do mês que o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) enfrenta atualmente uma crise entre o secretário e a cúpula da PM. O problema começou depois que dois coronéis que criticaram a gestão de Derrite foram transferidos sem aviso prévio.

A reportagem pediu um posicionamento da SSP (Secretaria da Segurança Pública) na terça (5) e na quarta (6), mas nem a pasta nem o secretário se manifestaram até a publicação deste texto.

O coronel reformado da PM de São Paulo José Vicente da Silva, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, diz que o Baile da Espada é importante porque marca uma mudança de status do policial.

"Usar um traje menos solene é desconsideração à importância do evento e, para quem é oriundo da PM, um gesto de desrespeito à instituição. É também um gesto simbólico: não aceitar as normas da PM ou demonstrar que está acima delas. Secretários civis ou o general Campos [também presente no baile] foram extremamente respeitosos", afirmou o oficial. "É uma coisa lamentável, para dizer o mínimo."

Segundo José Vicente, a tradição existe há décadas, desde os anos 1930. Em 1981, o estilista Clodovil Hernandes (1937-2009) ajudou a PM a atualizar as normas dos trajes.

"Minha festa do Espadim foi em 1965. Na época já era o traje a rigor e meu pai, motorista de caminhão, foi de smoking. No da Espada, alugou de novo, porque foi um momento de enorme orgulho para ele", conta o coronel.

"Espera-se, por óbvio, que oficiais, mesmo na reserva, observem essas normas como respeito a elas e à tradição. Como se diz tradicionalmente, os chefes devem dar exemplo", acrescenta José Vicente.

O então tenente da PM de SP Guilherme Derrite participa, com uniforme de gala da PM, do Baile do Espadim, em 2017 - Instagram.com/guilhermederrite

O posto de coronel é o mais alto entre os oficiais superiores da Polícia Militar. Na PM de SP existem 64 coronéis na ativa, entre os cerca de 80 mil policiais militares.

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