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Descrição de chapéu Obituário Maria José Assis (1925 - 2024)

Mortes: Autodidata, costureira foi exemplo de determinação e amor

Maria José Assis orgulhava-se de nunca ter perdido um corte de vestido

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Curitiba

Maria José Assis nasceu em 1925 em uma família de nove irmãos na pequena cidade de Cerqueira César, no interior de São Paulo —em um mundo diferente, afirma a neta Ana Carolina Rodrigues.

"As famílias eram numerosas, nem todos os irmãos ‘vingavam’ e desde cedo era preciso trabalhar. E foi justamente isso que ela mais fez na vida, trabalhou duro na roça e em casa e, sem nunca ter pisado em uma escola formal, conseguiu o feito de aprender a ler e a escrever."

Mariquinha, como era chamada, casou-se cedo e sempre trabalhou muito para ajudar no sustento da família. Quando sua filha mais nova adoeceu, mudaram-se para a capital em busca de tratamento. Com o marido e quatro filhos pequenos, precisou encontrar uma nova forma de ajudar. Foi quando ela se descobriu costureira, "profissão que aprendeu sozinha e que acabou virando sua mais longa história de amor", conta a neta.

Maria José Assis (1925 - 2024) - Arquivo Pessoal

"Com figurinos recortados de revistas, improvisou cartazes que colou na janela, anunciando que ali morava uma costureira. Seu orgulho era dizer que nunca havia perdido um corte de tecido, mesmo não sabendo exatamente como conseguia fazer tudo que as freguesas pediam. Em pouco tempo, no boca a boca, tornou-se referência no bairro, fazendo de ternos masculinos a vestidos de noiva."

O trabalho duro e honesto foi alicerce para a compra da casa própria onde morou por grande parte da vida, até que um acidente com seu marido a obrigou a voltar para o interior, para melhor recuperação do companheiro.

"Ela sempre transmitiu muita força, carinho e amor para mim e minha irmã. Fez nossas férias de julho no interior as melhores da vida. O sonho, o pastel e o bolo cuca dela marcaram minha infância", ressalta Ana Carolina, lembrando que a costura era a paixão da avó.

"A costura sempre foi sua grande realização, seu sonho e o que mais gostava de fazer. Costurou até quando deu, crescemos com roupas feitas por ela. Minha avó foi uma supermulher, que fazia as coisas acontecerem. Não dá para ir para a escola? Vou aprender a ler assim mesmo."

Mariquinha foi sempre inspiração. "Foi aquela vó que sempre tinha um monte de coisa gostosa em casa. Sempre nos esperando com a mesa cheia. A vó que sentava, adorava contar histórias da infância na roça. Teve uma vida muito bonita, uma mulher de pouco estudo, mas de uma sabedoria incrível. Sempre tinha uma palavra para gente. Uma costureira maravilhosa", enfatiza a neta Maria Luiza Rodrigues Fiordoliva.

Em 18 de junho, às vésperas de completar 100 anos, Maria José, que tinha Alzheimer, morreu de insuficiência renal. Deixa quatro filhos, duas netas, uma bisneta e uma vida de ensinamentos e dedicação à família e ao trabalho.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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