Siga a folha

Descrição de chapéu Rio Rio de Janeiro - Estado

Polícia do RJ conclui não ter ocorrido racismo em abordagem a filhos de diplomatas

Delegada afirma que câmeras corporais corroboraram relato de PMs, segundo o qual a abordagem ocorreu após relato de assaltos

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Rio de Janeiro

A Polícia Civil concluiu não ter ocorrido racismo na abordagem a quatro adolescentes, dos quais três negros, feita por policiais militares armados em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro.

O caso ocorreu no mês passado e envolveu filhos dos embaixadores do Gabão e de Burkina Fasso e de um diplomata do Canadá. O quarto adolescente era um brasileiro branco. A advogada Raquel Fuzaro, que representa os três adolescentes negros, criticou a conclusão da polícia.

A delegada Danielle Bulus Araújo, da Deat (Delegacia Especial de Atendimento ao Turista) concluiu que os PMs "não elegeram suspeitos com base na cor da pele".

Imagens de câmeras de segurança mostram PMs abordando com fuzis quatro adolescentes, três deles negros e um branco, em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira (4). No grupo havia filhos de diplomatas estrangeiros. - Reprodução

Em seu relatório, ela afirma que os agentes "estavam atrás de suspeitos seguindo a descrição de vítimas estrangeiras que tinham acabado de sofrer um crime na praia de Ipanema".

"Note-se que na abordagem não houve tratamento diferenciado para ninguém. O grupo abordado era composto por adolescentes pretos e brancos. Todos foram revistados, inclusive o adolescente branco teve a revista padrão da bolsa escrotal enquanto um dos menores pretos não sofreu a revista", afirma o relatório.

De acordo com o documento, os depoimentos dos PMs envolvidos na abordagem foi corroborado pelas câmeras corporais de outros agentes que ouviram com eles os relatos sobre o assalto momentos antes.

Os PMs que realizaram a abordagem aos adolescentes não usavam câmeras corporais. Eles afirmaram que não estavam atuando no patrulhamento ostensivo, mas apenas na supervisão dos agentes, ação na qual, segundo eles, o uso do equipamento não é obrigatório.

O relatório foi enviado ao Ministério Público para análise do caso.

A advogada dos três adolescentes afirmou esperar que o Ministério Público ofereça denúncia sob acusação de racismo contra os dois policiais envolvidos.

"As imagens deixam evidente a abordagem com critério racial. A câmera interna do prédio registrou o momento da abordagem dos policiais junto aos adolescentes e mostra que o menino branco não foi alvo da ação violenta, podendo ingressar no prédio sem ser interpelado. Além das imagens que evidenciam o racismo, houve a ação de grave ameaça de que seriam alvo de nova abordagem se saíssem às ruas e de mal maior do que vivenciaram (arma na cabeça)", disse ela.

ENTENDA O CASO

Câmeras de segurança gravaram a abordagem da polícia em uma rua de Ipanema, no dia 4 de julho. Os quatro adolescentes, de 13 e 14 anos de idade, voltavam da praça Nossa Senhora da Paz após jogar futebol e, ao chegar a um prédio, foram empurrados para a garagem e revistados.

Segundo a mãe do jovem branco, os quatro amigos moram em Brasília e estavam no Rio para passar férias, acompanhados dos avós de um deles, em uma viagem planejada havia vários meses.

Ainda de acordo com o relato, os adolescentes foram questionados sobre o que faziam na rua. Os três filhos de diplomatas não entenderam a pergunta, por serem estrangeiros, e não conseguiram responder. O adolescente brasileiro então teria respondido, e em seguida o grupo foi liberado.

O Itamaraty pediu desculpas aos pais dos jovens e divulgou nota pública. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), criticou a postura do órgão.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas