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Promotoria denuncia 11 suspeitos de grupo criminoso ligado ao PCC no centro de SP

Parte deles foi presa na megaoperação do início do mês que reuniu uma força-tarefa para desmantelar um ecossistema do crime na região central da capital

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São Paulo

Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo denunciaram nesta segunda-feira (19) um grupo de 11 pessoas suspeitas de integrar um grupo criminoso ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital) apontado como responsável por estabelecer uma central do crime na favela do Moinho, no centro de São Paulo.

De acordo com a denúncia, o grupo era responsável pelo abastecimento de drogas na cena aberta de uso conhecida como cracolândia. Os lucros dessa atividade eram depois distribuídos em transações financeiras típicas de esquemas de lavagem de dinheiro, com depósitos em dinheiro, transferências de uma conta para outra e integralização de capital em empresas e hotéis.

Segundo os promotores, o grupo também estabeleceu um sistema de torres clandestinas de telecomunicação na favela do Moinho. Elas captavam a frequência de rádio das forças de segurança que operam na capital paulista, principalmente da Polícia Militar, e a transmitiam para criminosos da região por meio de rádios codificados comercializados por integrantes do bando para antecipação de ações policiais.

A denúncia cita que os suspeitos agiam sob o comando de Leonardo Monteiro Moja, conhecido como Léo do Moinho, e apontado como liderança do PCC na região central da cidade.

Policiais do COE e Choque realizam buscas da favela do Moinho, na região central de São Paulo, em operação no último dia 6 - Folhapress

Moja foi preso no âmbito da Operação Salus et Dignitas (saúde e dignidade, em latim), deflagrada no início deste mês e que teve a participação das polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal, além do Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho, Receita Federal e estadual, Anatel (Agência Nacional de Telefonia) e órgãos de assistência social do governo paulista e da prefeitura. A operação buscou desmantelar um ecossistema do crime instalado na região central de São Paulo, sob o controle territorial do PCC.

Ele agora foi denunciado com seus dois irmãos, Jefferson Monteiro Moja e Alberto Monteiro Moja, a sua esposa e sócia, Raquel Maria Faustina Monteiro Moja, além de Ivan Rodrigues Ferreira, Valdecy Messias de Souza, Paulo Márcio Teixeira, Ingrid de Freitas, Wellington Tavares Pereira, Alfredo da Silva Bertelli Prado e Janaína da Conceição Cerqueira Xavier.

Valdecy, apontado como responsável pelas torres clandestinas, e Janaína, suspeita de coordenar o tráfico de drogas a partir de um hotel, também foram presos durante a megaoperação do início do mês. Solta, Janaína cumpre prisão domiciliar.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos acusados.

Os 11 suspeitos são acusados pelos promotores de crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, violação de comunicação radioelétrica e lavagem de dinheiro, por meio das quais foram identificadas transações financeiras atípicas que somam cerca de R$ 1,1 milhão, entre 2021 e 2023.

De acordo com as investigações do Gaeco, Moja era assistido em suas atividades criminosas pelos irmãos Jefferson e Alberto, que gerenciaram o tráfico de drogas na região central de São Paulo enquanto ele estava preso por tráfico, entre 2021 e junho de 2023, quando foi colocado em liberdade condicional.

Jefferson, segundo a promotoria, é sócio do Ferro Velho Moinho, que teria recebido valores oriundos de atividades criminosas. Já Alberto foi apontado como sucessor do irmão na liderança do PCC na região e como membro de um "Tribunal do Crime" responsável pelo assassinato de um possível membro da facção Comando Vermelho no interior da favela do Moinho, no ano de 2019.

A denúncia indica que, durante a operação Salut et Dignitas, foram apreendidos em diferentes endereços da favela do Moinho ligados aos irmãos Moja cinco tijolos de cocaína, 2.100 porções de cocaína, 1.737 porções de crack, três tijolos de maconha, 1.492 porções de maconha, além de quantidades de K9 (maconha sintética), ecstasy e lança-perfume.

Mojas, de acordo com o Gaeco, utilizava um hotel na região central para encobrir seus crimes, o L.M.Moja Hotel. A empresa mudou de nome para Hospedaria Barão de Piracicaba, e seu novo quadro societário, acreditam os promotores, teria sido formado para encobrir Mojas como real proprietário da firma. Os novos donos do hotel, Wellington Tavares Pereira e por Alfredo da Silva Bertelli Prado, antes trabalhavam como camareiros, recebiam salários de R$ 786 e R$ 1.342, respectivamente, mas movimentaram cerca de R$ 1,1 milhão entre abril e dezembro de 2023.

Já a esposa de Mojas seria, segundo as investigações, sócia dele em empresas de fachada responsáveis pela lavagem de ativos do grupo.

A denúncia também aponta que Janaína exercia a função de "disciplina" da organização, responsável por divisões de tarefas e por apontar aqueles que descumprem determinações do comando central do crime na região. Ivan e Ingrid também estariam envolvidos no tráfico de drogas local, segundo a promotoria, enquanto Valdecy e Paulo operariam as central de rádio transmissores a partir da captura ilegal do sinal das polícias por meio das torres clandestinas.

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