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Descrição de chapéu Vestibular no meio do ano enem

Cursinho cria opção de horário para alunos que trabalham

Estudar por 30 minutos, fazer pausa e retomar ciclo é mais produtivo que manter ritmo intenso

Paulo Garcia, 21, no cursinho Maximize, no Tatuapé, zona leste de São Paulo  - Keiny Andrade/Folhapress

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São Paulo

Paulo Garcia Jr., 21, almoça em dez minutos, dorme só cinco horas por noite e até terminou com uma namorada porque não tinha tempo de se dedicar à relação. Tanto sacrifício é em prol de um sonho: estudar engenharia em uma universidade pública.

Diferentemente de outros concorrentes, que podem se concentrar apenas nos estudos, Paulo precisa trabalhar. Das 14h às 22h, ele atua como auxiliar em uma indústria de condutores elétricos. De manhã, faz cursinho. Como também tem expediente aos sábados, só sobram os domingos para revisar o conteúdo. 

“Minha renda é importante lá em casa. Não posso parar de estudar”, afirma. “Venho de uma família pobre e quero mudar de vida, ajudar meus pais, buscar novos horizontes.”

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 51% dos brasileiros entre 18 e 24 anos trabalham. Se estudar para o vestibular já é difícil, para quem passa boa parte do dia em um emprego o desafio é ainda maior.

A boa notícia é que o número de horas de estudo não é o único fator em jogo. “Novas pesquisas mostram que estudar cinco horas seguidas pode ser mais improdutivo do que intensamente por 30 minutos, fazer uma pausa e retomar o ciclo”, diz o especialista em administração do tempo Christian Barbosa. “Não se trata de estudar mais horas, mas de forma mais inteligente.”

Para isso, não tem jeito: é preciso fazer sacrifícios. “As pessoas que geram resultado são as que fazem aquilo que deve ser feito, e não o que gostam de fazer”, diz Barbosa.

Vale, portanto, aproveitar cada momento livre. Paulo, por exemplo, faz exercícios no ônibus e no trem. No intervalo do emprego, revisa o conteúdo do dia. No sábado, treina para a redação, e, no domingo, reveza o estudo com um pouco de lazer. “Precisa tirar um tempo para a gente”, diz.

“Se não recarregar as baterias, fica difícil”, concorda Antônio Carlos Manzi, diretor do Maximize, um pré-vestibular sem fins lucrativos com preços mais acessíveis.

Para lidar com a demanda de alunos que trabalham, o cursinho criou um horário a mais à noite, mais cedo, que permite ir direto do emprego e antecipar a saída para casa.

Manzi recomenda usar o celular a favor do estudo. “Dá para ler notícias, ver videoaulas e baixar aplicativos com exercícios em forma de quiz”, sugere.

Mãe de duas crianças, a enfermeira Juliana Karol de Oliveira, 37, trabalhava em dois empregos enquanto se preparava para mudar de carreira e tentar medicina. Além de aproveitar todos os intervalos para estudar, ela priorizou as disciplinas mais difíceis. Se precisava faltar ao cursinho, assistia às aulas pela internet.

Deu certo: após três tentativas, Juliana conseguiu passar, no meio de 2017. Para ela, quem trabalha deve saber que pode demorar um pouco mais a chegar à universidade —e insistir.

“Quando você tem um sonho, tem que correr atrás. Não desista: se não for naquele ano, vai ser no outro”, afirma.

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