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Escolas charter: A revolução silenciosa transformando a educação americana

Estudo da universidade de Stanford revela o sucesso das escolas charter

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Pedro Olinto

Economista sênior do Banco Mundial

Escolas charter têm sido assunto central em debates acalorados sobre políticas educacionais nos EUA, ora retratadas como solução para a desigualdade educacional, ora como agentes nocivos ao sistema público. Entretanto, um recente estudo do Centro de Pesquisa sobre Resultados Educacionais (Credo) da Universidade Stanford sugere uma perspectiva mais favorável às escolas charter do que seus críticos poderiam admitir.

Escolas charter são uma modalidade de Parceria Público-Privada (PPP) na educação. Operam como escolas públicas, mas são gerenciadas por entidades privadas, como organizações sem fins lucrativos, universidades, grupos de professores ou empresas privadas. O termo "charter" refere-se ao contrato estabelecido com o governo local ou estadual, que define os termos de operação da escola, incluindo padrões de desempenho acadêmico, currículo, duração do contrato e condições para renovação. Essas escolas são remuneradas com base no número de estudantes matriculados e devem atender à população estudantil de uma área específica, podendo ter o contrato rescindido se não cumprirem as metas estabelecidas.

Alunos de uma escola charter de Nova York (EUA) protestam contra a violência armada - Angela Weiss - 2.jun.23/AFP

O estudo comparou o desempenho de quase dois milhões de alunos de escolas charter com alunos de escolas públicas tradicionais que apresentavam características e pontuações de testes prévios similares, e que teriam se matriculado nas mesmas escolas charter, caso não estivessem frequentando suas respectivas escolas tradicionais.

Os ganhos são expressivos. Por exemplo, no estado de Nova York, os estudantes de escolas públicas tradicionais necessitariam de mais de três meses adicionais por ano letivo para atingir o mesmo desempenho que obteriam em charters. Ou seja, só conseguiriam igualar os resultados se abdicassem de suas férias. Os benefícios são ainda mais acentuados para estudantes negros, hispânicos, de baixa renda e em áreas urbanas, segmentos que mais se assemelham à população estudantil de escola pública no Brasil.

Esse impacto no desempenho acadêmico é atribuído à autonomia e responsabilidade das escolas charter, que com flexibilidade para atender às necessidades locais, desenvolvem currículos inovadores e focados. Ademais, a dinâmica de "sobrevivência da mais apta", onde escolas de baixo rendimento são fechadas ou adotadas por operadoras mais bem-sucedidos, garante uma melhoria contínua na oferta de educação de qualidade.

Embora o sucesso das escolas charter seja evidente, o estudo do Credo alerta contra a complacência. Ele reconhece que algumas charters têm baixo desempenho — 17% delas apresentaram desempenho inferior ao das escolas públicas tradicionais em leitura, e 25% em matemática. A recomendação é que contratos sejam rescindidos, e essas escolas passem a ser geridas por organizações com comprovado histórico de melhoria no aprendizado.

O estudo do Credo também destacou charters que erradicaram as diferenças de aprendizado entre os alunos, independentemente de seus antecedentes, desafiando a noção de que desigualdades estruturais determinam o desempenho do aluno.

Esses resultados influenciarão o debate sobre as escolas charter nos EUA? Ainda é incerto. Oposições ideológicas, particularmente de sindicatos de professores, provavelmente permanecerão inalteradas. Contudo, o estudo do Credo pode incentivar um número crescente de pais a demandar melhores opções educacionais para seus filhos junto aos representantes políticos locais.

Dado o rápido avanço da Inteligência Artificial e da automação, é imperativo revisar os paradigmas educacionais no Brasil e explorar estratégias inovadoras. O recente estudo do Credo evidencia a eficácia das escolas charter para minorias menos favorecidas, ressaltando a relevância de experimentar e avaliar rigorosamente Parcerias Público-Privadas em nossa educação.

As opiniões aqui expressas são de minha exclusiva responsabilidade e não refletem necessariamente a visão do Banco Mundial

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