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Descrição de chapéu The New York Times Viver

Adultos podem desenvolver novas alergias e se livrar das antigas

Especialistas não sabem o que causa a mudança e também afirmam que se dessensibilizar a um alérgeno é comum

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Hannah Seo
The New York Times

Lu Morales, 32, cresceu comendo uma grande variedade de pratos mexicanos de frutos do mar. Mas aos 25 anos uma refeição "para viagem" de rolinhos de ovo com camarão de repente lhe causou um choque anafilático, uma viagem de ambulância até o hospital e o diagnóstico de alergia a frutos do mar.

Morales, que usa pronomes de gênero indefinido, diz que os rolinhos lhe causaram tosse, respiração ofegante e pálpebras vermelhas e inchadas. Agora, conta, os mariscos estão completamente fora de seu cardápio.

Especialistas não sabem o que causa novas alergias em adultos - Kaitlin Brito/NYT

Embora a maioria das pessoas não experimente ganho –ou perda– de alergias na idade adulta, também não é incomum, diz Shradha Agarwal, alergista e imunologista da Escola de Medicina Icahn no Hospital Mount Sinai, em Nova York. Por que as alergias aumentam ou diminuem, especialmente na idade adulta, não é amplamente compreendido pelos cientistas.

"Há muito mistério na alergia", pontua Agarwal.

O que os especialistas sabem

As alergias vêm em muitas formas e geralmente se desenvolvem quando seu sistema imunológico trata erroneamente como ameaça um alérgeno inofensivo, como pólen ou pelos de animais, indica Agarwal. Em seguida, reage toda vez que encontra esse alérgeno, com sintomas que podem variar de tosse, espirro e coceira a reações mais graves, incluindo urticária, vômito, dificuldade para respirar e perda de consciência.

As causas das alergias são complexas, afirma Corinne Keet, professora de imunologia a alergia pediátrica na Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte –dependem de seus genes, a que tipos de alérgenos você está exposto e quando.

Mas os especialistas acham que, em geral, coisas que perturbam seu sistema imunológico –como puberdade, gravidez, doenças transitórias ou crônicas ou transplantes de órgãos– "podem mudar suas respostas alérgicas a coisas que você tolerava antes", aponta Keet.

Os especialistas não sabem o quão comum é o desenvolvimento de alergias na idade adulta, diz Ruchi Gupta, professor de pediatria especializado em alergia na Escola de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, embora tenhamos alguns dados relacionados a alergias alimentares. Em uma pesquisa com mais de 40 mil adultos nos Estados Unidos, publicada em 2018, Gupta e seus colegas descobriram que cerca de 45% daqueles que tinham alergias alimentares desenvolveram pelo menos uma nova alergia alimentar na idade adulta. Deste grupo, um quarto nunca experimentou alergia alimentar quando criança.

Uma questão importante para os pesquisadores, indica Gupta, é o que exatamente pode levar os adultos a desenvolverem alergia a um alimento que eles consumiam antes. Neste momento, diz ela, não sabemos.

Jyothi Tirumalasetty, alergista e professora clínica assistente de medicina na Universidade Stanford, viu pacientes de todas as idades desenvolverem vários tipos de novas alergias, incluindo algumas a alérgenos comuns, como pólen, pelos de animais ou nozes.

E as alergias que desaparecem?

"Perder" uma alergia, ou tornar-se "dessensibilizado" a um alérgeno, acontece com frequência, pontua Tirumalasetty, especialmente próximo ou depois da meia-idade. Nossas respostas imunológicas "se acalmam", tornando-se mais fracas e menos vigorosas à medida que envelhecemos, afirma ela.

Algumas alergias são mais propensas a se "resolver" do que outras, aponta Keet. A maioria das alergias à penicilina desaparece com o tempo, e as alergias sazonais tendem a diminuir com a idade, diz.

Embora seja muito menos comum desenvolver certas alergias alimentares, como a nozes, peixes e mariscos, afirma Gupta, estima-se que 50% a 80% das crianças com alergias a leite ou ovos as superam aos 10 anos.

Uma maneira comum de as pessoas descobrirem alergias ambientais é se mudando para uma nova área e encontrando pólen ao qual nunca foram expostas, indica Agarwal. Isso não seria tecnicamente uma "nova" alergia, diz ela, mas é uma distinção que pode tornar a pesquisa nessa área desafiadora. Da mesma forma, afastar-se desses locais pode trazer alívio.

Molly Thessin, 30, que cresceu perto de Nashville, no Tennessee, diz que tinha alergia a pólen durante todo o ano quando criança e teve que tomar anti-histamínicos regularmente para aliviar seus sintomas. Tudo isso mudou quando ela se mudou para Dallas, aos 23.

"Parei de tomar remédios para alergia pela primeira vez na vida e estava completamente bem", pontua Thessin.

Alguns anos depois, ela se mudou para Nova York, onde mora atualmente, e as alergias voltaram. Acontece que ela é alérgica à maioria das árvores e plantas do nordeste dos EUA, assim como a gatos, cachorros, mofo e baratas.

E a prevenção?

Quanto a se há algo que os adultos podem fazer para evitar o desenvolvimento de novas alergias, afirma Agarwal, os especialistas não têm a resposta.

A única pesquisa de prevenção de alergias no momento está focada na prevenção de alergias alimentares em crianças, aponta Gupta, o que tem pouco a ver com a prevenção de novas alergias em adultos.

No final das contas, diz Keet, você não pode realmente controlar se desenvolve uma nova alergia quando adulto. Então, diz ela, "eu não me preocuparia com isso".

Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves

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