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É enganoso afirmar que miocardite e pericardite ocorrem apenas em pessoas vacinadas contra a Covid

Conteúdo de desinformação, que viralizou, foi publicado por grupo defensor do 'tratamento precoce'

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São Paulo

O grupo Médicos pela Vida, associação criada na pandemia que defende "tratamento precoce" e medicamentos como a hidroxicloroquina contra a Covid-19, se baseia em um estudo não revisado por pares para afirmar que "miocardite e pericardite ocorrem apenas em vacinados". Um post no X publicado no perfil deles sugere uma conclusão abrangente que não condiz com a literatura científica publicada até o momento sobre o tema.

Como verificado pelo Comprova, a afirmação enganosa destaca uma frase do estudo, que diz que "entre adolescentes e crianças, miocardite e pericardite foram documentadas apenas nos grupos vacinados". O estudo em questão, que analisou dados de mais de 1 milhão de crianças e adolescentes, observou que essas ocorrências foram muito raras.

Vacinação contra a Covid-19, em São Paulo - Danilo Verpa - 9.nov.2022/Folhapress

Edward Parker e William J. Hulme, dois pesquisadores envolvidos no estudo, afirmaram que suas conclusões foram distorcidas pelo Médicos pela Vida. Parker acrescentou que não foi estabelecida relação de causalidade entre as enfermidades e as vacinas.

Além disso, o estudo é um preprint, ou seja, não foi revisado por pares, processo exigido para validação e posterior publicação em revista científica de referência.

O texto também engana ao afirmar que o Ministério da Saúde espalha desinformação ao dizer que "quem se vacinou contra Covid-19 tem menos chance de desenvolver miocardite". A declaração do órgão tem respaldo em, pelo menos, dois estudos revisados por pares. Um deles foi publicado pela editora Frontiers e mostra que o risco de miocardite é mais de sete vezes maior em pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 do que naquelas que receberam a vacina. Foram analisados dados de 58 milhões de pessoas.

Outro estudo publicado pela revista Circulation, da Associação Americana do Coração, mostrou que o risco de miocardite é maior após infecção pelo vírus em indivíduos não vacinados do que após a vacinação. Neste, foram observados 43 milhões de casos.

O autor do post investigado reforçou os argumentos defendidos no artigo publicado no site Médicos pela Vida e a crítica ao Ministério da Saúde.

Para o Comprova, enganoso é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Por que investigamos

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99581-6340 ou pelo email folha.informacoes@grupofolha.com.br.

Leia a verificação completa no site do Comprova.

A investigação desse conteúdo foi feita por Estadão, Correio Braziliense O Popular e A Gazeta e publicada em 10 de junho pelo Comprova, coalizão que reúne 42 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, UOL, O Popular, SBT e SBT News.

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