Thiago Duarte diz em sabatina Folha/UOL que Porto Alegre teve negligência proposital com enchentes

'Não sou Lula nem Bolsonaro', diz deputado que é pré-candidato a prefeito pela União Brasil

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Curitiba

O pré-candidato à Prefeitura de Porto Alegre pela União Brasil, Thiago Duarte, disse nesta quinta-feira (27), durante sabatina Folha/UOL, que a administração local "negligenciou o cuidado com sistema de proteção de forma proposital".

Ao ser questionado sobre as recentes enchentes na capital do Rio Grande do Sul, afirmou que a atual gestão, comandada pelo prefeito e pré-candidato à reeleição Sebastião Melo (MDB), "precarizou" o DMAE para facilitar depois um processo de privatização. O DMAE é a empresa municipal responsável pelo sistema de água e esgoto, e também por administrar as peças que integram o sistema de proteção contra as enchentes.

"Claramente houve uma precarização do serviço do DMAE. Ao longo das últimas gestões isso foi mais evidente. Para que ela valesse menos para possibilitar a sua venda, sua entrega", disse ele.

O pré-candidato Thiago Duarte, durante sabatina nesta quinta-feira (27) - Folha no YouTube

Duarte afirmou que, em 2023, a prefeitura aplicou "zero reais" para melhoria do sistema de proteção contra enchente, ao lembrar que, das 20 casas de bomba, a maioria não funcionou. "Porto Alegre tem um sistema concebido no século passado, idealizado depois da enchente de 1941, e construído na década de 1970. Mas nós não chegamos à cota de 6 metros [de elevação do lago Guaíba] que ele foi dimensionado para suportar", afirmou.

O pré-candidato também disse que não é contra todas as privatizações, mas que "água é estratégica". "A DMAE tem no caixa hoje R$ 361 milhões, o que prova que o problema é falta de gestão, não é falta de dinheiro", afirmou ele, ao justificar, no passado, seu voto a favor da privatização da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul.

"Votei a favor porque ela caminhava para a insolvência, estava em uma situação de quase falência. Mas, se não tiver a melhoria do serviço, deve ser revista a concessão", disse ele, ao ser questionado sobre os problemas na prestação do serviço assumido pelo grupo Equatorial.

Ao longo da entrevista, Duarte também criticou a polarização no país. "Não sou Lula nem Bolsonaro. Sou Porto Alegre", disse ele, ao acrescentar que se define como "conservador nos costumes" e com raízes na linha trabalhista de Leonel Brizola. "Trabalho é a melhor ferramenta de inclusão social", afirmou.

Duarte, contudo, admite ter votado em Bolsonaro no segundo turno da última eleição presidencial. "Tanto um lado quanto o outro tem aspectos positivos e negativos, mas esta polarização não é adequada. Isso prejudica a discussão dos reais problemas da cidade", disse.

"Eu me alinho mais ao pensamento do governador [Ronaldo] Caiado, do senador [Davi] Alcolumbre. Me alinho com o União Brasil. A radicalização está nos levando a um quadro ruim, e traz dificuldade no diálogo entre as esferas municipal, estadual, federal", continuou o pré-candidato.

Questionado sobre se desejaria o apoio de Bolsonaro à sua campanha, ele disse que, "como toda pessoa de centro, a gente está aberto ao diálogo, seja com que lado for", mas reforçou que o importante é ter o aval do próprio partido, a União Brasil.

O pré-candidato também foi questionado sobre temas em debate, como a descriminalização da maconha. Duarte se posiciona "totalmente contra", na direção oposta ao que entendeu o STF (Supremo Tribunal Federal) nesta semana.

Sobre o PL Antiaborto por Estupro, ele afirma ser contra qualquer mudança na legislação sobre o tema. "Mulher estuprada não pode se tornar criminosa. Mas o aborto não pode ser usado como método anticoncepcional", disse ele. "Acho que as prerrogativas que já estão na lei, sobre as situações de estupro e risco de vida materno, estão completamente adequadas", afirmou ele.

Na área de segurança pública, ele afirmou que é a favor do uso de câmeras nos uniformes "dependendo das circunstâncias" e que é contra a "saidinha de presos". Questionado ainda sobre posse e porte de armas por cidadãos comuns, Duarte respondeu que "as pessoas têm que ter a liberdade de poder se defender".

O pré-candidato também disse que é a favor de mensalidade em universidades públicas "dependendo da renda" e que não tem "nada contra" o modelo de escola cívico-militar. "Sou a favor da escola integral", acrescentou ele.

Thiago Duarte, 52, é deputado estadual e já foi vereador e presidente da Câmara Municipal. Ele é médico e disputará o cargo de prefeito pela primeira vez.

Ele foi entrevistado ao longo de uma hora nesta quinta dentro do ciclo de sabatinas que a Folha e o UOL estão promovendo com pré-candidatos a prefeituras de capitais.

A entrevista foi conduzida por Fabíola Cidral, com participação do s jornalistas Graciliano Rocha, do UOL, e Carlos Villela, correspondente da Folha em Porto Alegre.

Além dele, outros dois postulantes foram convidados. Nesta sexta-feira (28), no mesmo horário, será a vez da deputada federal Maria do Rosário (PT). O prefeito Sebastião Melo também foi chamado, mas optou por não comparecer.

A série de sabatinas começou por Belo Horizonte, há duas semanas. Na última semana, foi a vez de Salvador. Depois, haverá outras com pré-candidatos de mais 15 cidades.

Além disso, Folha e UOL promoverão debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.

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