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Presidente do Barcelona diz que regras financeiras da Europa são injustas

Joan Laporta afirma que diferença na regulamentação entre países afeta capacidade de competição de clubes

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Barcelona

O presidente do Barcelona, Joan Laporta, criticou a existência de diferentes regras de fair play financeiro no futebol europeu durante palestra nesta segunda-feira (28) na capital catalã.

Para evitar que clubes tenham uma vantagem financeira por meio de endividamento, a Uefa (entidade que comanda o futebol na Europa) tem regras que limitam o valor gasto pelos clubes a cada ano.

Joan Laporta, presidente do Barcelona, durante o Mobile World Congress - Luis Gene/AFP

Numa lógica semelhante, alguns países adotam seu próprio regulamento de gastos e receitas. No caso da Espanha, as normas são mais rígidas que as da Uefa.

"Nós conseguimos captar recursos, não é esse o problema. O problema é que é uma competição e as regras não são as mesmas para todos. Aí fica difícil", disse Laporta. "A Europa tem que estar ciente de que não dá para continuar desse jeito."

O mandatário também criticou os jogadores "estrela" que "só pensam no dinheiro" e não querem saber de mais nada. "Valorizamos o profissional e um bom contrato é um jeito de reconhecer o valor do talento, mas dinheiro não é o mais importante", afirmou.

Segundo o dirigente, o perfil de contratações do Barcelona não deve mirar apenas o talento, mas também se os jogadores são "pessoas legais, que valorizam o aspecto humano".

O Barcelona vive uma crise extracampo. Quando assumiu, Laporta declarou que o clube tinha uma dívida de mais de R$ 8 bi causada por más gestões anteriores e agravada pela pandemia, que obrigou o time a jogar com seu estádio, o Camp Nou, totalmente vazio.

Por conta de regras de fair play financeiros da Espanha, o clube perdeu algumas de suas estrelas para enxugar a folha salarial. A mais notável dessas perdas foi o argentino Lionel Messi, ídolo do Barça e eleito seis vezes melhor do mundo, que se transferiu para o Paris Saint-Germain em agosto do ano passado.

O PSG é um dos clubes que se enquadram na crítica de Laporta, assim como o Manchester City e o Chelsea, atual campeão da Champions League, e outros que têm investimentos de fundos bilionários. Esses clubes conseguiram dar um salto de patamar competitivo nos últimos anos com o dinheiro injetado.

Em campo, o Barcelona teve um começo de ano ruim e acabou eliminado na fase de grupos da Champions League.

Nas últimas semanas, no entanto, a equipe engrenou e está há sete partidas sem perder —considerando apenas LaLiga, na qual ocupa a quarta posição com 45 pontos, 15 a menos que o líder Real Madrid, não perde há dez jogos. No domingo (27), o time catalão goleou o Athletic Bilbao por 4 a 0 em casa.

Inovação para sobreviver

A crítica de Laporta veio em participação no Mobile World Congress 2022, um dos principais eventos de tecnologia do mundo, que acontece nesta semana em Barcelona.

Falando para um público high-tech, Laporta disse que, para permanecer competitivo, o Barcelona precisará ser mais eficiente que seus adversários no lado empresarial. A ideia é posicionar o clube na indústria de entretenimento e não apenas como uma associação esportiva.

"Nosso papel é ganhar títulos e manter os fãs felizes", afirmou o dirigente. "Mas, ao mesmo tempo, é necessário lucrar na indústria esportiva. É uma questão de sobrevivência, porque não temos uma grande corporação ou um grande fundo por trás do clube para resolver problemas financeiros."

Entre as iniciativas citadas, o clube deve começar a vender NFTs (bens digitais) e entrar no "metaverso" –uma nova forma de consumir conteúdo online, no qual há maior interação e integração com o mundo físico, como por meio de óculos de realidade virtual.

"Queremos criar algo que seja controlado pelo próprio clube", afirmou Laporta, rechaçando a ideia de usar algum sistema já pronto para isso. A ideia, explica, é usar profissionais especializados contratados pelo clube e associar-se a empresas líderes de mercado para apoio.

Essa ligação com o mundo da tecnologia deve levar a patrocínios de empresas no setor. O presidente do Barcelona disse haver negociações nesse sentido que devem se concretizar em breve, mas se recusou a dar detalhes.

Com a guinada digital, Laporta diz esperar se conectar mais facilmente ao público mais jovem por estar indo aonde essas pessoas já estão. "Nossa próxima investida é na indústria do entretenimento, especialmente em duas áreas: streaming e jogos eletrônicos".

O jornalista viajou a convite da Huawei

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