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Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Em nova fase, Ana Marcela Cunha nada no Sena em busca do bi olímpico

Desde Tóquio, nadadora baiana passou por cirurgia no ombro, casou-se, mudou de técnico e de país

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São Paulo

A nadadora brasileira Ana Marcela Cunha que vai em busca do bicampeonato olímpico em Paris na prova da maratona aquática não é a mesma que saiu com o ouro das águas no Parque Marinho de Odaiba, em Tóquio, há três anos.

Nesse meio tempo, Ana Marcela passou por uma cirurgia no ombro, casou-se, mudou de técnico e até de país.

Atual campeã olímpica, eleita seis vezes a melhor nadadora de águas abertas do mundo e heptacampeã mundial, a soteropolitana é um dos principais nomes de sua geração na modalidade.

Ana Marcela Cunha comemora vitória na maratona aquática em Tóquio-2020 - AFP

Ainda assim, entendeu que precisava mudar para manter-se no topo. No ano passado, encerrou a parceria com Fernando Possenti, seu treinador na conquista da medalha de ouro no Japão, e se mudou para a Itália para integrar a equipe comandada por Fabrizio Antonelli.

No país europeu, ela treina ao lado de nomes como o da alemã Leoni Beck, campeã mundial nos 10 km em 2023, e do italiano Gregorio Paltrinieri, ouro nos 1.500 m em Tóquio-2020.

"Falta um ano para a Olimpíada. Pensei: ‘Se meu objetivo é esse, tenho de sair da zona de conforto, preciso buscar alguma coisa diferente'. Depende, lógico, do trabalho do técnico, mas depende muito do meu trabalho, de quanto eu acredito e de quanto vou me empenhar para isso", afirmou Ana Marcela em entrevista à Folha em 2023.

Segundo ela, sob o comando do novo treinador, passou a lidar melhor com a rotina puxada de treinos diários. "Aprendi muito com o estilo de treino do Fabrizio. Tem vez que o corpo está cansado e ele fala: ‘esquece tudo e vai na técnica, é mais importante manter uma técnica boa, que depois as coisas encaixam. No começo foi difícil porque brigo muito em todo treino, não só porque não quero perder para as outras, mas porque não quero perder para mim mesma."

Ana Marcela acrescentou que algumas vezes saía cabisbaixa dos treinos por não conseguir entregar tudo aquilo que esperava, mas que sempre recebe o apoio e a confiança do treinador. "Temos melhorado a cada semana e isso faz com que tanto a mente quanto o corpo continuem, e não vejo a hora de chegar a Paris e competir."

Além de se adaptar ao novo método de treinos, também foi preciso lidar com a alimentação italiana baseada essencialmente em massas. "Se você pegar todos os dias da semana, de manhã, de tarde, de noite, almoço e janta, e tentar ficar comendo só massa, vai ter uma hora que você vai falar, meu Deus, não aguento mais", afirmou.

Por causa da dieta com que se deparou na região, a atleta passou a se alimentar mais em casa, onde consegue fazer um prato "mais brasileiro", com arroz e feijão preto acompanhado de banana e uma proteína. "É uma forma de a gente se sentir um pouco mais próximo de casa".

Na mudança para a Itália, Ana Marcela foi acompanhada da esposa, a preparadora física Juliana Melhem, com quem se casou em 2023. "Sinto falta do Brasil, da família, mas estou aqui com a minha esposa, que também é minha preparadora física, a gente está com a nossa cachorra também, não estou sozinha."

As mudanças já deram os primeiros resultados. Em maio, foi campeã na prova de 10 km na etapa de Golfo Aranci (Itália) da Copa do Mundo, mostrando estar totalmente recuperada da cirurgia no ombro esquerdo no fim de 2022.

Antes, já havia ficado com o bronze na prova de 5 km no Mundial disputado em Doha, em fevereiro. Na mesma competição, terminou na quinta posição na prova de 10 km, quando carimbou a vaga para Paris.

"Não sinto dores, não tenho nenhum tipo de limitação. A gente vai ficando mais velha, a recuperação é mais lenta, então tem que se cuidar mais, mas estou fazendo tudo da melhor forma possível", disse ela.

Uma das principais vozes do esporte na atualidade, Ana Marcela chegou a questionar no início do ano os planos dos organizadores dos Jogos de realizar a prova da maratona aquática no Rio Sena, devido aos níveis elevados de contaminação.

O governo francês fez um investimento bilionário para despoluir o rio, para que as provas da maratona aquática e da natação do triatlo aconteçam nas suas águas. No início de maio, foi inaugurado um grande reservatório que impede que resíduos oriundos da rede de esgotos sejam despejados no rio.

Nesta quarta-feira (17), a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, mergulhou no Sena para ‘provar’ que ele está apto a receber as disputas olímpicas.

O trabalho convenceu a nadadora. "Não estamos preocupados com relação a mais nada", afirmou ela em conversa com jornalistas em maio. "Vai ter [a prova da maratona aquática] dia 8 de agosto, nós estamos preparados e seja o que Deus quiser. Onde quer que seja."

A nadadora afirmou ainda que, embora prefira provas no mar, também tem experiência em disputas realizadas em rios e lagos. Ela disse que a forte correnteza do Sena vai ser um dos principais diferenciais em termos de posicionamento e estratégia de prova para os atletas.

A maratona aquática feminina está prevista para o dia 8 de agosto, às 2h30 (horário de Brasília).

Raio-X

Ana Marcela Cunha

  • Nome

    Ana Marcela Jesus Soares da Cunha

  • Idade

    32 anos

  • Nascimento

    Salvador

  • Altura

    1,63 m

  • Participações olímpicas

    Três (Pequim-2008, Rio-2016 e Tóquio-2020), com um ouro

  • Principais resultados não olímpicos

    Heptacampeã mundial e seis vezes eleita a melhora nadadora de águas abertas do mundo

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