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Treinador de time feminino do AM é preso sob suspeita de injúria racial

OUTRO LADO: Clube diz estar averiguando a situação 'para que não haja informações infames ou caluniosas'

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São Paulo

Hugo Duarte, treinador do JC Futebol Clube, do Amazonas, foi preso sob suspeita de ter cometido crime de injúria racial contra a zagueira Suelen Santos, do Bahia, na noite de segunda-feira (8), após partida do Campeonato Brasileiro feminino da Série A2, a segunda divisão, realizada no estádio de Pituaçu, em Salvador.

Ao fim do jogo, um empate por 0 a 0 que classificou o Bahia às semifinais e garantiu seu acesso à primeira divisão, a comemoração acabou em confusão. Suelen disse ter sido alvo de ofensas racistas proferidas por Duarte, que foi levado à delegacia e preso em flagrante.

De acordo com o G1 BA, suspeito, vítima e testemunhas foram levados à Central de Flagrantes, onde o caso foi registrado. Duarte permanece sob custódia nesta terça (9).

Técnico do JC, Hugo Duarte, foi acusado de racismo após eliminação da Série A2 do Brasileirão Feminino - @Amazonasfcoficial no Instagram

A defesa do treinador não foi localizada pela reportagem até a publicação deste texto, mas seu clube se manifestou por meio das redes sociais. Disse estar averiguando a situação e afirmou ser um time contra o preconceito.

"O JC Futebol Clube AM, repudia qualquer ato de racismo ou injúria racial contra qualquer pessoa. Nesta segunda-feira, o clube estava em jogo contra o Bahia pelo Campeonato Brasileiro feminino, e nessa competição houve um ocorrido envolvendo o treinador do JC e uma atleta do clube Bahia, e ambos foram ouvidos", publicou a equipe amazonense.

"O clube juntamente com seu jurídico está averiguando todas informações necessárias dos acontecimentos ali presenciados para realizar os procedimentos cabíveis para que não haja informações infames ou caluniosas que prejudiquem quaisquer que sejam os envolvidos. No mais, ratificamos que este clube é contra qualquer tipo de preconceito", acrescentou o JC.

Já a jogadora, também por meio das redes sociais, citou a Constituição.

"A Constituição Brasileira delineia o direito de ser tratado como igual perante os demais membros da sociedade, sem distinção de etnia e raça. Entretanto, lamentavelmente, ontem, na partida que garantiu o tão esperado acesso para a elite do futebol brasileiro, fui submetida ao ato de racismo praticado pelo criminoso treinador do time adversário, que utilizou de mecanismo de opressão para inferiorizar minha negritude", disse a atleta.

"A naturalização que foi proferida mais de uma vez pela expressão racista 'macaca' tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato denúncia é a arma que tenho para combater o racista. Agradeço às minhas companheiras, à minha família e ao Bahia por todo o suporte e o acolhimento", acrescentou.

O Bahia, por sua vez, chamou o episódio de lamentável.

"O que deveria ser uma noite apenas de comemoração pelo acesso das Mulheres de Aço à elite do futebol brasileiro acabou manchado por episódio lamentável no estádio de Pituaçu. Ao final da partida, a zagueira tricolor Suelen foi alvo de ofensa racial praticada pelo treinador da equipe adversária no gramado", publicou o clube.

"Acionada, a Polícia Militar conduziu o acusado à Central de Flagrantes da 1ª Delegacia para realização de boletim de ocorrência. O diretor de operações e relações institucionais, Vitor Ferraz, acompanha a atleta juntamente com advogado criminalista que assessora o clube, além de outras jogadoras e funcionários que se apresentaram como testemunha. O Esporte Clube Bahia SAF manifesta toda solidariedade a Suelen ao tempo em que cobra resposta à altura da gravidade do assunto, reiterando compromisso na luta contra qualquer tipo de discriminação", concluiu o Bahia.

No ano passado, o presidente Lula (PT) sancionou a lei que equipara injúria racial ao crime de racismo, aumentando a pena para dois a cinco anos de prisão. O crime é inafiançável e imprescritível.

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