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Descrição de chapéu paralimpíadas

Olímpica e paralímpica no mesmo ano, brasileira alcança feito raro

Mesa-tenista Bruna Alexandre estreia com vitória ao lado de Paulo Salmin nas duplas mistas

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Paris

Na noite da quarta-feira (28), a mesa-tenista Bruna Alexandre, 29, publicou no Instagram uma foto de um bebê sem o braço direito: ela mesma.

"Esse foi o dia em que amputaram o meu braço", escreveu na legenda. "Mas faz lembrar que os sonhos de Deus jamais vão morrer, porque é em cenários de perda que Ele faz nascer vencedores."

Bruna teve o braço amputado aos três meses de vida devido a uma trombose, provocada por uma injeção mal aplicada. Ela mesma desconhecia a imagem, enviada pela irmã Mariane como fonte de inspiração. "Fiquei pensando na foto bastante", disse à Folha.

Nesta quinta (29), Bruna se tornou a primeira atleta do Brasil, homem ou mulher, a disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos no mesmo ano.

Ao lado de Paulo Salmin, que nasceu sem o fêmur direito, Bruna derrotou os suecos Jonas Hansson e Anja Händén por 3 games a 0 (11/1, 11/4 e 11/8), na Arena Paris Sud, nas oitavas de final de duplas mistas, categoria XD17. A dupla brasileira foi campeã mundial em 2022, na Espanha, e é candidata forte a medalha. "Espero que ela continue escrevendo história", disse o parceiro de dupla Salmin.

No primeiro game, vencendo por 10/0, Bruna errou propositalmente um saque para não humilhar os adversários. "Eu nunca gostei de 11/0. Sempre faço isso. Tem gente que faz, outros metem 11/0", explicou.

Bruna foi bronze individual e por equipes nos Jogos do Rio, em 2016, e prata individual em Tóquio, em 2021. Nas Paralimpíadas, compete na classe 10, para os jogadores que têm maior agilidade e jogam em pé.

Em Paris, ela participou pela primeira vez dos Jogos Olímpicos, pela equipe feminina, eliminada nas oitavas de final pela Coreia do Sul. Está há 40 dias na cidade, alternando entre hotéis em Paris, Vila Olímpica e Paralímpica e a cidade de Troyes, centro de treinamento da delegação brasileira.

Antes de Bruna, um atleta brasileiro já havia competido nas duas edições, porém em Jogos diferentes: Nilton Alonço, o Gauchinho, timoneiro do remo nos Jogos de Montreal-1976, Los Angeles-1984 e Seul-1988. Alonço, que morreu no ano passado depois de um AVC, disputou as Paralimpíadas de Pequim-2008.

Segundo o site oficial do COI (Comitê Olímpico Internacional), a primeira atleta a competir no mesmo ano nos dois Jogos foi a italiana Paola Fantato, no tiro com arco. Acometida de poliomielite aos oito anos, ela ganhou medalhas nas Paralimpíadas de Seul-1988 e Barcelona-1992, antes de disputar as edições olímpica e paralímpica de Atlanta-1996.

Outro exemplo é a mesa-tenista polonesa Natalia Partyka, que não tem a mão direita. Ela está em sua sétima edição paralímpica e disputou quatro Olimpíadas entre 2008 e 2021. "Ela me inspirou bastante", contou Bruna. "E ano passado eu realizei um grande sonho, que era vencê-la. Perdi acho que umas dez vezes."

Bruna Alexandre, em sua estreia nas Paralimpíadas de Paris - CPB

Também foram olímpicos e paralímpicos no mesmo ano a nadadora sul-africana Natalie du Toit (Pequim-2008), amputada do joelho esquerdo para baixo, e, o caso mais famoso, o velocista sul-africano Oscar Pistorius (Londres-2012), cujas pernas foram amputadas na infância.

Multicampeão paralímpico, Pistorius conseguiu competir nos Jogos Olímpicos de Londres depois de uma longa disputa nos tribunais esportivos, por conta da suposta vantagem que suas próteses ultratecnológicas lhe conferiam.

Em 2013, o sul-africano confessou ter assassinado a companheira, em Pretória, dizendo tê-la confundido com um assaltante. Condenado pelo crime, Pistorius ganhou liberdade condicional em janeiro deste ano.

Nestas Paralimpíadas, há outra mesa-tenista que também participou dos Jogos Olímpicos de Paris, a australiana Melissa Tapper.

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