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Trilha sonora de Rebeca Andrade em Paris não foi homenagem a ex-presidente

Boato sobre escolha das músicas, que circulou após a edição de Tóquio, volta a viralizar

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São Paulo

Não é verdade que Rebeca Andrade utilizou uma "música bolsonarista" durante sua apresentação na final de solo das Olimpíadas de Paris em 2024. A ginasta performou ao som de uma junção das canções "Baile de Favela", de Mc João, "Movimento da Sanfoninha", de Anitta, e "End of Time", de Beyoncé. Diferentemente do que diz a publicação, nenhuma dessas músicas está relacionada a ideologias de extrema direita ou bolsonaristas.

A autora do vídeo, verificado pelo Comprova, fez a relação política com a apresentação em razão de uma paródia de "Baile de Favela" feita em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e com críticas a políticos de esquerda, ao feminismo e ao filósofo Paulo Freire. A versão, de Tales Volpi, conhecido como MC Reaça, foi feita em 2018 e chegou a ser compartilhada em abril do mesmo ano por Flávio Bolsonaro (PL), mas foi removida do YouTube por violar a política contra discurso de ódio na plataforma.

A ginasta Rebeca Andrade durante apresentação no solo na final em Paris - Mathilde Missioneiro - 5.ago.2024/Folhapress

A paródia, publicada em 2020 por um canal não oficial, conta com 20 milhões de visualizações. Já a música original, creditada por Rebeca, foi lançada em 2015 e alcançou 249 milhões visualizações, se tornando um dos funks brasileiros com mais repercussão internacional. Em sua letra, MC João exalta festas que acontecem em comunidades de São Paulo.

Apesar de Rebeca ter usado "Baile de Favela" como parte da trilha sonora da prova de solo em Paris-2024, o trecho da apresentação da ginasta utilizado no vídeo investigado é, na verdade, da prova disputada na categoria individual geral durante as Olimpíadas de Tóquio, em 2021. Em nenhum momento do vídeo a paródia de Tales Volpi é tocada.

Ainda em 2021, postagens falsas na internet afirmavam que a paródia tinha sido escolhida como trilha sonora da atleta. Na época, o Comprova verificou a informação e procurou o coreógrafo de Rebeca, Rhony Ferreira. Ele negou a politização da apresentação. "É um absurdo isso que as pessoas ficam falando, não tem nada a ver com Bolsonaro", disse Ferreira. Em 2021, o responsável pelas relações públicas da atleta, Felipe Paulino, afirmou que a música e a série de solo de Rebeca "fazem referência unicamente à cultura do funk brasileiro".

Em 2024, após Rebeca conquistar a medalha de ouro em Paris, o diretor esportivo da Confederação Brasileira de Ginástica, Henrique Motta, também negou a politização em entrevista à CNN. Segundo ele, "a escolha da trilha sonora é feita de acordo com a indicação da ginasta, do gosto dela, do que ela gostaria de fazer, e também uma harmonia com a comissão técnica".

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Por que investigamos

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99486-0293.

Leia a verificação completa no site do Comprova.

A investigação desse conteúdo foi feita por Nexo, O Dia e Programa de Residência e publicada em 7 de agosto pelo Comprova, coalizão que reúne 42 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, Imirante, A Gazeta, Estadão, Correio Braziliense, SBT e SBT News.

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