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Descrição de chapéu paralimpíadas

Aos 42, na quinta tentativa, brasileira é ouro enfim

Medalhista desde Pequim-2008, Jerusa Geber vence os 100 metros para deficientes visuais e quebra escrita

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Saint-Denis

Jerusa Geber dos Santos, 42, confirmou o favoritismo e conquistou finalmente sua primeira medalha de ouro paralímpica, na quinta participação. Ela venceu os 100 metros rasos, classe T11 (deficiência visual), em 11s83, nesta terça-feira (3), no Stade de France.

Nas semifinais, ela já tinha quebrado o próprio recorde mundial em 0s03, com a marca de 11s80. Seu atleta-guia foi Gabriel Garcia.

Até então, Jerusa tinha duas medalhas de prata (100 e 200 metros em Londres-2012) e duas de bronze (200 metros em Tóquio-2020 e Pequim-2008). Em Mundiais, porém, tem quatro ouros individuais e um em revezamento.

Jerusa Geber dos Santos e o guia Gabriel Aparecido na final dos 100m (classe T11) nos Jogos Paralímpicos de Paris - Reuters

A acreana de Rio Branco, moradora de Presidente Prudente, nasceu cega, recuperou parte da visão com cirurgias, mas perdeu totalmente a visão aos 18 anos. No ano seguinte, começou a praticar atletismo.

"É um filme que passa na minha cabeça. São muitos anos desde a minha primeira participação. Desde o Rio-2016 eu falo: 'Essa é a minha última Paralimpíada', e eu tô aqui, né? Então, eu mesma não sou capaz de determinar meus próprios limites", disse a nova campeã paralímpica.

Ela disse que estava preocupada em não largar mal. "Antes da largada, só pensava: 'A gente tem que acertar essa saída.' A gente vinha treinando justamente onde não tinha tão bom desempenho, que era a nossa largada, onde frequentemente a gente perdia pra China, que tem a largada incrivelmente boa."

De fato, a chinesa Liu Cuiqing teve o melhor tempo de reação (0s150), mas Jerusa foi quase tão bem (0s156). A chinesa ficou com a medalha de prata.

A outra brasileira na final, Lorena Spoladore, ficou em terceiro com o tempo de 12s14. Seu atleta-guia foi Renato Ben Hur Oliveira.

Spoladore correu com uma venda especial para o dia, com a imagem de uma fênix, ave da mitologia grega, bordada à mão por Priscila, uma vizinha de São Paulo. "A gente ressurgiu das cinzas, essa é a simbologia da fênix", explicou a medalhista. Em Tóquio, ela tinha ficado em quinto na mesma prova.

Minutos depois, Rayane Soares da Silva ficou com a prata nos 100 metros T13, também para deficientes visuais. Sua marca de 11s78 foi um centésimo melhor que o recorde mundial anterior, mas insuficiente para superar Lamiya Valiyeva, do Azerbaijão, que estabeleceu nova marca com 11s76.

O ouro de Jerusa foi o segundo do Brasil no dia, após o conquistado pela manhã por Yeltsin Jacques nos 1.500 metros, na mesma classe de Jerusa, a T11. Ele quebrou o recorde mundial, com 3min55s82. Na mesma prova, Júlio César Agripino ficou com o bronze. Os dois "inverteram" o pódio dos 5.000 metros, quando Agripino foi ouro, e Jacques, bronze.

Os dois, que são rivais, brincaram com a troca de papéis. "Ficou no 1 a 1, né?", comentou Agripino. "Eu sei o quanto esse menino batalhou, o quanto ele sonhou", disse Yeltsin sobre o rival. Ambos exaltaram o trabalho dos atletas-guias, Guilherme dos Anjos (Yeltsin) e Micael Santos (Agripino).

Outras duas medalhas foram conquistadas pelo atletismo brasileiro nesta terça. A primeira, de prata, veio pela manhã no lançamento do dardo F56 (competidores sentados), com Raíssa Machado. Ela repetiu o resultado de Tóquio, três anos atrás. "Não queria ficar em terceiro, mas também queria ficar muito em primeiro. Independente da cor, estou levando uma medalha para o Brasil", disse.

A outra foi de bronze, conquistada por Mateus Evangelista, na final do salto em distância T37 (paralisados cerebrais). Ele fez sua melhor marca na temporada: 6,20 metros.

No tênis de mesa, Bruna Alexandre conquistou o bronze individual na classe W10 (andantes). Ela se tornou a primeira atleta do Brasil, homem ou mulher, a disputar no mesmo ano tanto os Jogos Olímpicos quanto os Paralímpicos.

O dia trouxe duas medalhas de bronze na natação: Mariana Gesteira nos 100m costas, classe S9; e Mayara Petzold nos 50m borboleta, classe S6. As classes de ambas são para atletas com limitações físico-motoras, com o tempo de 37s51.

No futebol de cegos, o Brasil, já classificado para as semifinais, empatou em 0 a 0 com a China no último jogo da fase de grupos. E no goalball, a seleção feminina venceu o Japão por 2 a 0 e se classificou para as semifinais.

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