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Temporada de '13 Reasons Why' não empolga, mas consegue expandir questões

Série reformula abordagem sobre silêncios e inações diante do sofrimento

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Cena da segunda temporada de "13 Reasons Why" - Beth Dubber/Netflix

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São Paulo

13 Reasons Why

Avaliação: Bom
  • Quando: Netflix

O sucesso da estreia da adaptação de "Os 13 Porquês", cultuado best-seller do escritor Jay Asher, publicado uma década atrás, só não foi maior que a polêmica que a série disparou. Corajosa para uns, irresponsável para outros, a primeira temporada se distinguiu no atual cenário de saturação da oferta com uma abordagem franca do suicídio de jovens, provocando discussões necessárias em torno de um tema considerado tabu.

A repercussão garantiu a renovação, agora sem a força do conceito das fitas cassete nas quais Hannah Baker denunciava o comprometimento dos colegas em sua morte, seja por violência, crueldade, maledicência ou omissão, um "bullying" do além para alguns.

Além de distribuir culpas e responsabilidades e de evidenciar os efeitos nefastos do fim da privacidade, as gravações da jovem suicida funcionavam para manter o maratonista de Netflix 13 horas seguidas no play.

Agora, no lugar de fitas, uma série de fotos polaroides cumpre a função de objeto "vintage" em torno do qual a trama se desdobra. O artifício, embora seja menos eficiente para provocar tensão narrativa, mantém o foco de "Os 13 Porquês" sobre as questões morais e os efeitos de nossas ações como de nossa inação.

Para isso, a série expande os temas do assédio, abuso e sexismo para outros jovens e aprofunda os efeitos da atenção ou desatenção dos personagens adultos.

Escola e a família são as instituições cujas imagens sofrem os maiores arranhões ao longo da nova temporada.

Hannah Baker continua como a figura central, o que assegura a onipresença de Katherine Langford, principal atração do elenco. Na forma de fantasma ou de peso na consciência, ela acompanha os dilaceramentos de Clay Jensen (Dylan Minette, cuja imagem uniforme de bom rapaz torna difícil controlar o impulso de apertar o pause ou o stop).

O fio da meada das responsabilidades se mantém por meio do julgamento no qual Olivia, a mãe de Hannah, busca denunciar os podres da escola Liberty. O formato clássico de drama de tribunal coloca, do lado dos fracos, as vítimas e os solidários. O lado do poder e seus excessos é personificado na arrogância de Bryce Walker, o riquinho que lidera o time de beisebol e de trogloditas.

Nessa luta do bem contra o mal, a trama pontuada por reviravoltinhas não chega a empolgar. Mas, no lugar do impacto extremo do suicídio, a segunda temporada consegue prolongar o efeito de "Os 13 Porquês" ao expandir a questão do assédio, mostrando a magnitude de seus danos e a amplitude de seus alvos recorrentes: mulheres, gays, "diferentes" ou qualquer outro que por algum motivo não se enquadre.

Outra característica reformulada é a questão do silêncio, que explodia na eloquência vingativa das fitas de Hannah e agora vem na vontade destrutiva que interrompe o apaziguamento final.

Assim, o interesse de "Os 13 Porquês" não está na complexidade narrativa, mas na capacidade de dar concretude a sua incômoda temática. De falar que o "bullying" se propaga oculto pela normalidade, alimenta-se do poder do grupo sobre o indivíduo ou quando encontramos a proteção da tribo e atiramos às feras o que não se iguala.

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