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Cinema

'Skin' evidencia uma América racista e ajuda a entender suas fraturas

Longa sobre jovem skinhead traz atuações consistentes e pode até parecer violento, mas nunca beira o desagradável

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Skin: À Flor da Pele

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Em cartaz
  • Elenco: Jamie Bell, Danielle Macdonald, Vera Farmiga
  • Produção: EUA, 2018

"Skin: À Flor da Pele", do diretor Guy Nattiv, é uma produção modesta. Nem poderia ser de outra forma, porque a América retratada está longe da que costuma ser exibida nas produções grandes.

É uma terra violenta, caipira e racista, representada por Bryon Widner. Crescendo sem perspectivas numa cidadezinha perdida no mapa, ele está desde cedo envolvido com um grupo de supremacia branca.

Ele tem até uma forte presença entre os skinheads. Mas sua vida começa a mudar quando conhece Julie, outra pobretona, com filhas para criar. Ela não gosta dos amigos do namorado, e um clima de animosidade vai crescendo.

O jovem passa a questionar a supremacia branca e decide se afastar deles. Logo ele é contatado por um ativista negro que monitora secretamente o grupo. Ele quer um depoimento de Bryon para incriminar alguns skinheads.

A recusa é imediata, porque Bryon não quer prejudicar seus amigos de infância e, principalmente, sua mãe, casada com um eles. O ativista irá insistir. Mas ele passa a ser assediado pelos companheiros, que querem sua volta e veem Julie como má influência.

A estratégia de convencimento se transforma em ameaças e pode culminar em ação física. O filme ganha doses de tensão e agressividade, que se sustentam até o final.

"Skin" pode parecer violento, o que realmente é, mas não desagradável. Tem uma narrativa envolvente, baseada na história real de Bryon Widner.

O que impede o filme de não se transformar em só um relato frio e brutal é o relacionamento de Bryon e Julie. Um dos mais convincentes dos últimos tempos no cinema. Não há a mínima idealização romântica que domina os filmes de entretenimento.

O casal começa a se envolver entre tapas e beijos, literalmente, e a força da relação é rude e intensa. Fica evidente que muito do sentimento que é mais um desejo de proteção num cenário hostil. São pessoas perdidas buscando ajuda.

O ator britânico Jamie Bell é um ator sólido, que dá uma densidade incrível a Bryon.

Ele encontra uma parceira à altura na australiana Danielle Macdonald, que imprime força e fragilidade a Julie.

Um tanto desperdiçada é Vera Farmiga, única representante "hollywoodiana" no elenco, que tem pouco a fazer como a mãe de Bryon. Mas, no geral, todo o elenco demonstra uma grande entrega num filme de muitas cenas tensas.

Definitivamente, "Skin: À Flor da Pele" não se trata apenas de entretenimento. Pode ajudar a entender as fraturas sociais da América de hoje.

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