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Renato Terra

Carlos Kaiser foi jogador de futebol profissional na arte de enganar

Charlatão que se passava por Renato Gaúcho rende documentário que tenta entender o malandro

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Kaiser: O Jogador De Futebol Que Nunca Jogou

Avaliação:
  • Onde: Disponível no Globoplay
  • Classificação: 14 anos
  • Elenco: Bebeto, Carlos Alberto Torres, Carlos Kaiser
  • Produção: Brasil/Reino Unido, 2018
  • Direção: Louis Myles

Nos anos 1980, Carlos Kaiser perambulou pelos principais clubes de futebol do Rio de Janeiro, Fluminense, Vasco, Botafogo, Flamengo, Bangu. Jogou no exterior. O documentário sobre sua trajetória tem depoimentos de craques como Bebeto, Renato Gaúcho, Carlos Alberto Torres, Zico, Maurício, Roger Flores, Junior e Ricardo Rocha.

O que torna a carreira de Kaiser tão relevante não são seus títulos. Mesmo atuando como atacante, Kaiser nunca marcou um gol. Raríssimas vezes entrou em campo. E sempre arrumava uma maneira de não encostar na bola –contusões inventadas, brigas arranjadas, amizades com dirigentes, mentiras e outras histórias inacreditáveis permitiam que Kaiser pulasse de um time para o outro. Foram 26 anos como enganador profissional de futebol.

Imagem de divulgação do documentário 'Kaiser O Jogador de Futebol que Nunca Jogou' - Divulgação

Essa história surreal é contada no filme "Kaiser: O Jogador de Futebol que Nunca Jogou", dirigido pelo britânico Louis Myles. A ótica de um diretor estrangeiro sobre as malandragens de Kaiser confere mais uma camada ao filme. É divertido ver como Myles tenta explicar o futebol brasileiro, o Maracanã, a ginga, o jogo do bicho, o jeitinho carioca.

Mas o filme engrena mesmo é no carisma de Kaiser. O jogador que nunca entrou em campo surfava na semelhança física que tinha com Renato Gaúcho nos anos 1980. Até deixou o mullet crescer. Craque na lábia, gênio da conversa fiada, Kaiser conseguia se passar por Renato Gaúcho em boates, festas e noitadas. Sabia jogar como poucos dentro da cultura machista do futebol dos anos 1980 e, com seu 171 avançado, conquistava mulheres e mais mulheres.

Entre as mil histórias do filme, aqui vai um exemplo do modus operandi de Kaiser dentro dos clubes. Ele estava no Botafogo campeão carioca de 1989. Era o fim de um jejum de 21 anos sem títulos. Kaiser, claro, não fez o gol do título. Não fez nada relevante dentro de campo.

Mas, nos bastidores, ficou amigo do folclórico bicheiro Emil Pinheiro, presidente do clube na época, que colocou uma prótese peniana que o deixava sempre ereto. "Eu estava sempre levando as gatas. E aí ganhava a simpatia. Eu era colado com o presidente. E eu ia ficar no time até o dia que o presidente achasse que eu não ia embora", diz Kaiser no documentário.

Mas a realidade da vida de Carlos não foi tão boa quanto a ficção que ele inventou para seu personagem, o Kaiser. O filme também mostra o outro lado. Do cara normal que tentou emplacar uma vida profissional inteira numa mentira. E, nesse contraste, o filme cresce aos 40 do segundo tempo quando Carlos —e não Kaiser— entra em campo.

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