Margaret Atwood lança 'O Conto da Aia' à prova de fogo contra censura
Editora americana criou exemplar feito com materiais não incineráveis em campanha pela liberdade de expressão
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Após mais de mil ações que buscaram banir livros em escolas e bibliotecas de 26 estados americanos no último ano, a editora Penguin Random House lançou uma edição à prova de fogo do mais famoso romance de Margaret Atwood, "O Conto da Aia", que já foi alvo de tentativas de censura por criar uma distopia patriarcal.
A autora canadense de 82 anos aparece em um vídeo, publicado no canal do YouTube da editora, ateando fogo em um exemplar do livro com um lança-chamas. A ação faz parte de campanha contra a censura. O exemplar está em leilão pela Sotheby's em Nova York até 7 de junho, e a renda gerada será destinada à Pen America, entidade que luta pela defesa da liberdade de expressão. Até a publicação desta nota, o maior lance para levar o exemplar era de US$ 42 mil.
"Por todos os Estados Unidos e ao redor do mundo, livros estão sendo contestados, banidos e até queimados. Então nós criamos uma edição especial da obra que vem sendo contestada e banida há décadas", escreveu a editora na página de divulgação da campanha.
"Impresso e encadernado com materiais à prova de fogo, esta edição de 'O Conto da Aia', de Margaret Atwood, é completamente não incinerável. Ela foi feita para proteger essa história vital e será um símbolo poderoso contra a censura."
De acordo com a Associação de Bibliotecas Americanas, "O Conto da Aia" está entre os livros mais perseguidos e banidos em escolas do país. Lançado em 1985, a obra é uma distopia ambientada em um regime autoritário que tomou os Estados Unidos e que faz das mulheres suas vítimas preferenciais.
Em 2006, quando um distrito baniu seu romance, Atwood escreveu uma carta aberta na qual respondeu a acusação de que a obra seria ofensiva aos cristãos. "Em nenhum lugar do livro o regime é identificado como cristão", afirmou a autora. Quanto às acusações contra as cenas de sexo presentes na obra, ela disse que o livro "está menos interessado em sexo do que boa parte da Bíblia".
O livro de Atwood ganhou maior fama graças à adaptação televisiva estrelada por Elisabeth Moss. Lançada em 2017, a série recebeu diversos prêmios, como o Emmy de melhor drama.
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