Siga a folha

Rock in Rio tem dias de festival ideais para quem não gosta de música

Após sexta-feira em que trap arrastou multidões, sábado parece mais um dia de passeio, e público enche atrações paralelas

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Rio de Janeiro

Este sábado de Rock in Rio contrastou com a sexta. No primeiro dia da edição de 40 anos do festival, os palcos estavam cheios, e o resto do Parque Olímpico, mais vazio. No segundo, a situação se inverteu.

No dia do trap, quase todo dedicado a atrações do gênero, apresentações como as de Matuê, Orochi com Oruam e Chefin, Cabelinho e Travis Scott arrastaram multidões de fãs dispostos a pular e cantar junto. O sábado, encabeçado por Imagine Dragons e OneRepublic, pareceu mais um dia de passeio.

Show da banda OneRepublic no segundo dia de Rock in Rio - Folhapress

Especialmente durante e começo da noite, o público encheu atrações paralelas como estandes de marcas e brinquedos de parque de diversões enquanto shows nos palcos principais ficaram desprestigiados. Os dois primeiros dias deste Rock in Rio tiveram os ingressos esgotados.

Christone Big Fish, virtuoso guitarrista de blues americano, tocou num palco Sunset cheio de gente distraída, sentada no gramado sintético. E, se no show de Orochi, Oruam e Chefin, no mesmo espaço e horário no dia anterior, era difícil caminhar nas redondezas do show, qualquer um poderia facilmente caminhar até a grade do palco da banda britânica James.

Há poucos metros dali, a cantora Zara Larsson ocupou o palco Mundo no mesmo horário de Ludmilla na véspera. A brasileira cantou seus sucessos para uma plateia lotada desde o começo da apresentação, enquanto a sueca encarou um público diminuto.

O show dela não foi exatamente vazio —quem estava lá foi se aproximando conforme se interessava pelo pop da cantora, que teve Dennis DJ no palco e fez de tudo para agradar aos brasileiros. Conseguiu se sair bem, mas não dá para dizer que muita gente veio ao Parque Olímpico para vê-la.

No palco Global Village, neste dia dedicado aos sons brasileiros, o público aparentava desconhecer a obra das atrações. Entre eles estiveram Mestrinho, Amaro Freitas e Geraldo Azevedo —ele substituiu Hermeto Pascoal, que cancelou a apresentação.

Em dias como este sábado, o Rock in Rio evoca uma máxima muito dita sobre a marca —é o melhor festival de música para quem não gosta de música. Quem vem parece buscar uma opção de passeio e diversão, que pode ou não incluir assistir a shows de seus artistas favoritos.

Até o cenário muda. Em vez de camisetas de banda ou com o rosto de artistas, a maioria do público se vestiu de maneira mais genérica. Com algumas exceções, caso de Lulu Santos, entre os brasileiros, a plateia, mesmo quando parece interessada, não canta junto ou interage com os artistas no palco.

Em geral, o Rock in Rio consegue ser o festival que atrai ao mesmo tempo fãs de música e o público casual, que vai pelo passeio. Em dias como este sábado, a balança pende mais para esse segundo grupo, que parece ligar menos para o que acontece nos palcos do que para uma boa foto para o Instagram.

É como se o festival se esforçasse mais para não desagradar do que exatamente para agradar. O resultado são shows anódinos de gente que pode ter números no streaming e tocar no rádio, mas não necessariamente tem relevância entre quem consome música de maneira mais apaixonada —ou nem sequer uma legião de fãs empolgados para os ver.

Para quem pagou caro para ver sua banda favorita, pode ser frustrante a experiência de a ver num ambiente de tanta indiferença. Ao mesmo tempo, o Rock in Rio pode ser o endereço certo para quem quer fazer um programa diferente com a família mesmo sem nunca ter dado muita atenção aos nomes no line-up —há todo tipo de entretenimento, até música ao vivo.

O jornalista viajou a convite da Natura.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas