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Eleições nos EUA

Taylor Swift prova que famosos não podem mais ficar calados nas eleições

Se ficasse quieta, cantora arriscaria deixar que imagens criadas por inteligência artificial dominassem a sua narrativa

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São Paulo

Demorou, mas Taylor Swift se pronunciou. Após o debate entre Kamala Harris e Donald Trump na noite desta terça-feira, a cantora mais popular do mundo publicou um texto no Instagram dizendo que vai votar na democrata.

Não faltou pressão. Desde o começo do ano, fãs e críticos especulavam se Swift declararia apoio a Joe Biden, o então candidato democrata, e depois a Harris. Isso porque a cantora trocou farpas com Trump nos últimos anos, após quebrar o silêncio sobre política, que dominava sua carreira, em 2018, quando disse em quem votaria, nas eleições estaduais dos Estados Unidos.

Montagem mostra a cantora Taylor Swift e a candidata à Presidência americana Kamala Harris - Andre Dias Nobre e Saul Loeb/AFP

Swift foi aplaudida pelos fãs quando apoiou Biden em 2020, numa jogada considerada perigosa por uns e louvada por outros. Havia dúvidas se ela faria o mesmo movimento desta vez, quatro anos depois.

Em meio à sua "The Eras Tour", a turnê mais lucrativa da história, hoje Swift pode ter mais a perder do que antes. Apoiar Harris é mais arriscado, porque a candidata ainda é considerada uma incógnita para parte considerável dos americanos. Ela, afinal, substitui Biden às pressas.

Ficar calada sobre Trump também era mais seguro, de certa forma. Com o radicalismo que toma conta do debate político americano hoje, artista que só quer vender e aumentar sua popularidade tende a ficar quieto sobre a disputa.

Prova disso é RuPaul, a maior drag queen dos Estados Unidos e uma das mais relevantes do mundo, que se recusou a falar de Trump, mesmo tendo sempre falado abertamente do assunto e até debochado do republicano em seu reality show há cinco anos.

Por outro lado, Swift se viu vítima de uso indevido de sua própria imagem, que Trump adulterou para sugerir que ela apoiava a sua candidatura. Uma montagem feita a partir de inteligência artificial mostrou a cantora vestida como o Tio Sam, personagem que personifica os Estados Unidos, apontando para a frente, por cima da frase "Taylor quer que você vote em Donald Trump".

Era tudo mentira, como ela reforçou em sua publicação no Instagram, na qual escreveu que o episódio a levou a refletir sobre os perigos da tecnologia que temos à disposição hoje e de que era "preciso ser muito transparente sobre os planos para a eleição".

Não é difícil traçar um paralelo com o Brasil. Anitta, nossa superestrela comparável ao que Swift significa para os americanos, ficou anos indecisa se falava de política ou não, sob forte pressão dos fãs, nas últimas eleições.

Ela só declarou seu apoio, a Lula, cerca de três meses antes da eleição. "Quem quiser minha ajuda pra fazer Lula bombar aqui na internet, TikTok, Twitter, Instagram é só me pedir", escreveu Anitta, à época, nas redes sociais.

A partir daí, a cantora desatou a falar de política e de Lula, chegando até a chamá-lo de Dumbledore, em referência ao mago bondoso da série de livros e filmes "Harry Potter". A artista reproduziu ainda uma gravação de voz enviada pelo petista no microfone de um dos podcasts mais populares do país, numa tentativa de angariar votos.

Hoje, porém, Anitta evita o assunto. Em janeiro, disse que se afastou do debate político depois das eleições porque ficou doente e precisou se cuidar. Mas vez ou outra dá pitacos nas decisões do governo, especialmente quando se trata de questões que envolvem meio ambiente e Amazônia.

Anitta tem ciência de que abriu uma porta que não se fecha mais. Ela sabe que agora é tida como uma voz aguardada no debate política. É o que deve ocorrer com Swift, que terá dificuldade de ficar quieta sobre os rumos dos Estados Unidos.

É difícil saber se seu apoio a Harris vai se converter numa quantidade significativa de votos para a democrata, mas ele deve criar um precedente importante para astros como ela —o de que ficou difícil se calar; quem o fizer agora corre o risco de ter o seu desejo ultrapassado pela inteligência artificial, que faz imagens, vídeos e até áudios falsos viralizarem e criarem uma falsa verdade que pode se tornar dominante, sobretudo numa era em que muitos escolhem no que querem acreditar.

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