Um mês após ser liberado, Carlos Ghosn volta a ser preso
Suspeita agora é de má conduta financeira com transferência de dinheiro
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O ex-presidente-executivo da Nissan e da Renault Carlos Ghosn foi preso novamente na manhã desta quinta-feira (4) em Tóquio, sob a suspeita de outro crime de má conduta financeira, de acordo com a emissora pública NHK.
Ghosn, que tem nacionalidades brasileira, libanesa e francesa, estava em prisão domiciliar sob fiança de US$ 9 milhões desde o início de março, depois de ter ficado 108 dias detido.
Essa é a quarta acusação contra Ghosn. Agora, procuradores dizem que o executivo transferiu US$ 32 milhões para uma distribuidora da Nissan-Renault em Omã para uso pessoal.
Representantes de Ghosn em Paris dizem que os pagamentos feitos pela Renault ao distribuidor em Omã não foram desviados de seus objetivos comerciais e não beneficiaram o executivo nem sua família.
As outra três acusações são por abuso de confiança e outras infrações financeiras, como por supostamente transferir temporariamente perdas pessoais com investimentos para a Nissan e por ocultar parte sua renda durante três anos.
O executivo nega todas as acusações.
Os procuradores podem manter Ghosn preso por 48 horas. Depois desse período, eles precisarão de permissão judicial para estender a detenção por outros dez dias --outros dez dias podem ser solicitados à Justiça.
Após esse período, os procuradores teriam de decidir se o indiciariam formalmente pela nova acusação ou se o liberariam.
Nesta quarta-feira (3), em meio a rumores de que procuradores consideravam prender Ghosn novamente, o executivo anunciou pelo Twitter que concederia uma entrevista coletiva no dia 11, em Tóquio --sua primeira desde que saiu da prisão sob fiança.
"Estou me preparando para contar a verdade sobre o que está acontecendo", tuitou Ghosn, a despeito da proibição a que use qualquer forma de computador ou celular com acesso à internet, como parte das condições para sua fiança, equivalente a R$ 34 milhões.
Ainda nesta quarta, o conselho da Renault acusou Ghosn de práticas questionáveis e ocultas e de violar as normas éticas da empresa, na primeira ocasião em que a montadora de automóveis francesa criticou seu ex-presidente, que a salvou do colapso e liderou por quase das décadas.
A empresa cancelou o pagamento de parte da pensão de Ghosn e revogou a bonificação a que ele teria direito por 2018, depois de identificar pagamentos suspeitos no Oriente Médio, e disse que se reserva o direito de mover processos contra Ghosn na Justiça francesa.
Uma investigação separada que continua em curso e envolve também a Nissan identificou "sérias deficiências" de "transparência financeira" na holding holandesa que serve como centro para a aliança mundial entre as montadoras.
Isso representa um sério revés para a Renault, que inicialmente relutava em criticar Ghosn.
O executivo sempre se afirmou inocente, nos dias que se seguiram à sua detenção a pedido dos procuradores públicos de Tóquio, em novembro. Ele foi depois acusado pelas autoridades japonesas de delitos de conduta financeira na Nissan.
Ghosn deixou a presidência-executiva e do conselho da Renault em janeiro e deixará o conselho da empresa em junho, anunciou o colegiado da montadora nesta quarta-feira.
No Japão, antes de sua prisão, Ghosn tinha status de pop star e foi até retratado em mangá (os quadrinhos japoneses), por ter salvo a Nissan da falência.
Financial Times, tradução de Paulo Migliacci, AFP e The Wall Street Journal
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