Descrição de chapéu Financial Times

Escassez de poltronas complica aéreas e atrasa modernização de aviões

Gargalos na cadeia de suprimentos surgem enquanto companhias correm para atrair clientes

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Sylvia Pfeifer Philip Georgiadis
Londres | Financial Times

A escassez de poltronas de aeronaves está contribuindo para os gargalos nas cadeias de suprimentos do setor, prejudicando os planos das companhias aéreas de reformar os interiores das cabines e lançar novos aviões modernizados.

Os assentos, em particular os de primeira classe e executiva, estão entre os diferenciadores mais importantes para as companhias aéreas em sua tentativa de atrair passageiros. Uma combinação de fatores, incluindo regras de certificação mais rígidas e escassez de mão de obra decorrente da pandemia, continua a atrasar a produção.

Esses problemas na cadeia de suprimentos surgem enquanto as companhias aéreas correm para apresentar novas cabines em um momento de recuperação do impacto da pandemia.

Cabine econômica recém-lançada de Airbus A350-900 da Lufthansa - Lukas Barth - 25.abr.2024/AFP

A Lufthansa, na Alemanha, apresentou neste mês um novo conjunto de cabines para voos de longa distância como parte de um investimento de 2,5 bilhões de euros (R$ 13,7 bilhões) que foi significativamente atrasado devido a problemas na cadeia de suprimentos.

Programas extensivos de reforma de várias companhias aéreas, incluindo o programa de modernização de US$ 2 bilhões (R$ 10,2 bilhões) da Emirates, têm aumentado a demanda sobre os fornecedores.

A fabricante francesa de motores de jatos Safran, que também é uma das maiores fornecedoras de poltronas de aeronaves, disse na sexta-feira (26) que as entregas da classe executiva caíram 25% no primeiro trimestre deste ano porque algumas remessas foram adiadas para o segundo trimestre.

O presidente-executivo da empresa, Olivier Andriès, disse que as regras de certificação pelos reguladores se tornaram "muito mais exigentes" e estão impactando todo o setor voltado ao interior das aeronaves.

Os assentos premium são "realmente importantes para as companhias aéreas, são parte da diferenciação para os passageiros, mas também são complicados de projetar, fabricar e certificar", disse Nick Cunningham, analista da Agency Partners.

Executivos da Boeing e da Airbus disseram nesta semana que a cadeia de suprimentos do setor continua limitada.

O presidente-executivo da Airbus, Guillaume Faury, disse que a empresa ainda está enfrentando problemas com os suprimentos de equipamentos de cabine, não só de assentos, mas também de suprimentos de aeroestruturas. "Isso reflete a diversidade das dificuldades e desafios na cadeia de suprimentos."

A Boeing, que está lutando para conter sua mais recente crise após a explosão em pleno ar de uma seção de um de seus aviões 737 Max em janeiro, identificou os assentos como um motivo específico para a produção limitada do 787.

"Os fornecedores de assentos estão com capacidade reduzida. Muito disso é fornecido pelo comprador, mas mesmo assim, isso atrasa um avião", disse o presidente-executivo da Boeing, Dave Calhoun, aos investidores.

Mark Hiller, CEO da Recaro Aircraft Seating, principal fabricante de assentos de classe econômica do mundo, disse que a escassez de eletrônicos para sistemas de entretenimento a bordo continua a dificultar as entregas de assentos.

As companhias aéreas geralmente encomendam os eletrônicos e os fornecem aos fabricantes de assentos para instalação.

"A demanda aumentada e a aceleração na produção significam que, mesmo que [os fornecedores] estejam entregando mais do que há um ano, a demanda aumentou e, portanto, ainda há gargalos", disse Hiller ao Financial Times.

A empresa tem funcionado com turnos extras, também aos finais de semana, para lidar com as entregas atrasadas. Também instalou assentos em aeronaves que ainda aguardam o complemento dos eletrônicos.

"Hoje há uma recuperação tão grande no tráfego aéreo de longa distância que é um problema coletivo para todas [as companhias aéreas]. O que elas realmente querem é receber suas novas aeronaves", disse o analista Nick Cunningham.

Tim Clark, CEO da Emirates, disse ao FT em uma entrevista no início deste ano que estava frustrado com o estado da cadeia de suprimentos da aviação.

"Estou ficando um pouco cansado de ouvir, anos depois que a Covid acabou, que ainda temos problemas... atualmente estamos modernizando a um custo enorme mais de 160 de nossas aeronaves mais antigas. Então eu pensaria que qualquer cadeia de suprimentos voltada para esse tipo de organização estaria feita para sempre", disse.

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